Escuta Educativa - Programa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais
terça-feira, 17 de outubro de 2023
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
domingo, 2 de abril de 2023
REFORMA DO ENSINO MÉDIO E IDEOLOGIA RESPOSTA AO ARTIGO DO ECONOMISTA DOUTOR CLÁUDIO DE MOURA CASTRO
REFORMA
DO ENSINO MÉDIO E IDEOLOGIA
RESPOSTA
AO ARTIGO DO ECONOMISTA
DOUTOR
CLÁUDIO DE MOURA CASTRO
POR WLADMIR COELHO
1 – Em artigo publicado
no jornal Estado de São Paulo domingo, 2 de abril, o economista doutor Cláudio
de Moura Castro apresenta com nitidez os elementos ideológicos presentes na
chamada “reforma do ensino médio”.
2 – O doutor Moura Castro,
para confundir os ingênuos, inicia o artigo descendo a borduna nos ministros da
educação nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro um expediente comum em
nossos dias e amplamente utilizado por aqueles interessados em manter e ampliar
o projeto ideológico representado no antigo mandatário sem os carimbos
amplamente conhecidos.
3 – Na mesma edição o
jornal paulista, em seu editorial, apresenta um conceito peculiar de democracia
no qual o Congresso ao aprovar uma lei – e no caso do editorial em questão
tratava-se daquela da autonomia do Banco Central – esta jamais pode ser
contestada e no caso em questão não precisamos de muito esforço para perceber
os interesses dos banqueiros elevados a condição sacrossanta e desta a famosa
condição de fim – no sentido de término – da história.
4 – O fim da história –
em termos práticos – significa o seguinte: as leis implantadas pelos interesses
do capital são permanentes e não podem ser tocadas, pois representam a verdade absoluta.
Eis o conceito de democracia do Estado de São Paulo.
5 – Voltando ao doutor
economista Moura Castro vamos observar o seu horror e desprezo ao conceito de
democracia como prática participativa – um
exercício perfeitamente possível e previsto em diferentes pontos da
Constituição de 1988 – reduzidos pelo economista em questão a condição de “assembleísmo” e uma delas – segundo o douto
autor em análise - “pariu o Plano
Nacional de Educação (PNE)” completando a respeito da Conferência Nacional na
qual foi aprovado o PNE: “o caos mais memorável que presenciei em minha vida.”
6 – E o que seria o “caos”
na Conferência Nacional de Educação? Primeiro a existência de “milhares de
sugestões disparatadas” e depois a falta de referência “as palavras eficiência
e qualidade”. Observe: o conceito de democracia do Estadão - e por consequência
do economista Moura Castro - não admitem divergências de ideias e menos ainda a
construção de um projeto educacional brasileiro a partir dos interesses
nacionais, de um consenso efetivado a partir dos trabalhadores e estudantes.
7 – Para o economista
Moura Castro o PNE carregava ainda o “perigo” presente na nas “ideias do
italiano Gramsci. Nos anos 20, esse filósofo esquerdista se atrapalhou com a
lei e foi parar na cadeia. Lá, escreveu sobre educação, com propostas
ambiciosas e revolucionárias.” Afirma o economista.
8 – Existindo alguma
dúvida a respeito do peculiar conceito de democracia do Estadão e do douto
economista devemos observar o culto a ordem estabelecida e desta constatação perguntar:
qual era a ordem estabelecida na Itália que resultou na prisão do filósofo esquerdista
em função de “trapalhadas” com a lei? Ora, a resposta é simples: a Itália
naquele momento histórico encontrava-se submetida a ditadura fascista de Benito
Mussolini. Isso qualquer estudante sabe, trata-se de parte dos temas presentes
nas antigas e suprimidas aulas de História em função da dita reforma defendida
pelo economista Moura Castro.
9 – Mussolini considerou Gramsci
perigoso da mesma forma o doutor Moura Castro e sabem o motivo? Eis a resposta retirada
do artigo em análise: “Suas preocupações [as do Gramsci] com as diferenças
entre a educação dos pobres e a dos ricos eram e são legitimas. Mas, para ele,
a cura seria oferecer exatamente a mesma educação para todos, indo da
prática aos píncaros da abstração. O modelo ficou conhecido como ‘politecnia’.
Mas essa proposta é fantasiosa.”
10 – A partir das
observações do ponto anterior vou destacar duas questões: a primeira o discurso
do ‘marxismo cultural’ – o autor em questão não cita o termo, mas apresenta o
seu significado - como fantasma presente no Plano Nacional de Educação e deste
a contaminar toda prática escolar em nosso país somado as variações do tipo
mamadeira erótica, ‘ideologia de gênero’ e todo o delírio amplamente divulgado.
A segunda está na confissão dos interesses ocultos na dita reforma do ensino
médio confirmando as denuncias realizadas por professores e estudantes, ou
seja, a criação de uma escola inferior para os filhos dos trabalhadores e outra
para os futuros gerentes. Aquelas escolas para as classes dominantes não vou anotar
neste texto por razões obvias: esta parcela da juventude não estuda no Brasil.
10 – Em termos gerais
podemos afirmar que o doutor Moura Castro não enxerga educação de qualidade
para todos, mas privilégios de classe traduzindo eficiência como sinônimo de criação
dos meios para reduzir os estudantes das classes populares a simples condição
de produto de reposição mercadológica futura. Desconhece o economista o necessário
acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade ou dos fundamentos, criação de
meios para o melhor desenvolvimento da juventude. Para ele pensar, criticar,
entender não é função da escola para o povo.
11 - Deve ser por isso
que em seu artigo escreve a respeito da antiga organização do ensino médio
nacional: “Tinha de estudar também Química quem gostava de Literatura. E entediar-se
como Filosofia quem queria ser físico.” Que respondam a restritiva ideia de
formação do douto economista os exemplos de Carl Sagan, Einstein, Bohr
e outros físicos e filósofos que felizmente não passaram pela estreita visão de
educação do douto economista. No Brasil
recordo o exemplo do zoólogo Paulo Vanzolini, que matriculado hoje no ensino
médio, não teria a formação escolar em literatura e quem sabe não desenvolveria
– ao lado do cientista – a condição de compositor musical.
12 – Aos poucos vamos
observando como a dita reforma do ensino médio representa os interesses ideológicos
da classe dominante, dos banqueiros e seus institutos e fundações transformando
os professores em meros transmissores do conteúdo apresentado em suas apostilas
reduzindo o processo ensino aprendizagem a condição de simples adequação ao mundo
sem história da permanente submissão. Ainda não encontrei, entre os defensores
da revogação da dita reforma do ensino médio, um defensor da estagnação do
modelo educacional e como foi possível observar esta posição pertence aos ditos
reformadores.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
DO OTIMISMO AO PÂNICO: O HUMOR DOS CAPITALISTAS QUANTO A GUERRA NA UCRÂNIA SEGUNDO O FINANCIAL TIMES
DO OTIMISMO AO PÂNICO: O HUMOR DOS CAPITALISTAS QUANTO A GUERRA NA UCRÂNIA SEGUNDO O FINANCIAL TIMES
Por Wladmir Coelho
1 – O jornalista Gideon
Rachman do insuspeito Financial Times de Londres, nos momentos que antecederam
a visita de mr. Biden a Ucrânia, escreveu o seguinte: “chega um ponto em muitas
guerras no qual os lados em conflito se perguntam no que se meteram.” O texto
segue revelando o pânico de Vladimir Putin diante de reveses militares em
setembro do ano passado em função de uma bem sucedida reação ucraniana e pesadas
baixas do lado russo.
2 – Segundo Rachman o
quadro agora seria o inverso apresentando os membros da OTAN em público um
otimismo desmedido enquanto no particular levantam dúvidas a respeito das
condições para um eventual acordo de paz em condições favoráveis à Ucrânia. Sem
acordo o prolongamento do conflito dificultaria as possibilidades de
continuidade do apoio militar e financeiro dos países da OTAN.
3 – O jornalista do
Financial Times entende que a guerra segue negativa para os russos em termos
militares ressaltando, no entanto o desempenho favorável para economia apesar
das “pesadas sanções”. Rachman revela
que a previsão de contração econômica da Rússia de 20% ou mais não passou de 4%
existindo a expectativa de crescimento “no próximo ano.”
4 – O mesmo não é
possível afirmar em relação à economia da Ucrânia hoje dependente dos
empréstimos (ajuda?) dos Estados Unidos criando a necessidade de uma rápida
vitória de Kiev. Existe, do lado da OTAN/EUA, a esperança das forças ucranianas
empurrarem os russos para a Criméia forçando uma negociação, contudo Rachman
recorda os “pequenos avanços” do exército da Rússia e acrescenta a falta de
munição e equipamentos como aviões de combate para o lado ucraniano. O
prolongamento da guerra, segundo o Financial Times, não é favorável aos militares
ucranianos.
5 – Aqui um parêntese: os
jornais noticiaram a ocorrência de protestos, em Washington, contra a
destinação de bilhões de dólares à indústria armamentista para manutenção da
guerra na Ucrânia. A viagem de mr. Biden a Kiev ocorreu um dia após as manifestações
em Washington.
6 – Voltando ao Financial
Times: como sabemos o jornal é o porta-vos do capitalismo inglês e ao publicar
uma reportagem repleta de insinuações quanto a real situação militar e
econômica da Ucrânia revela a preocupação dos donos do dinheiro quanto ao
possível calote, afinal são bilhões de euros e dólares financiando armas,
munições, aviões de todos os tipos sem esquecer do pagamento dos soldos dos militares
ucranianos. O prolongamento do conflito resulta ainda em frustrações para o
setor das empreiteiras, das empresas associadas a estrutura de comunicação, de
energia todos ávidos por contratos com o Estado altamente vantajosos.
Continuará a existir o Estado ucraniano? Perguntam os capitalistas do
imperialismo.
7 – A realidade segue
revelando um quadro desesperador para o povo ucraniano no qual uma eventual paz
será seguida de grave crise econômica e repressão ditatorial ao estilo fascista
uma forma clássica para atender aos interesses do imperialismo.