Professor Washington Albino 1917/2011
Depoimentos
Professor Ricardo Lucas Camargo
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washington peluso albino de souza
Perdemos, na madrugada do dia 17 de junho de 2011, um dos maiores pensadores do Direito no país, o introdutor do Direito Econômico no Brasil - sobre o qual escrevera pela primeira vez em 1949, em sua tese de concurso Ensaio sobre conceituação jurídica do preço, para a cátedra de Economia Política, na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais -, um Professor que dedicava um amor romântico à Escola em que ensinava e um amigo dedicado de seus alunos. Não direi que foi um batalhador incansável - porque, mesmo tendo travado muitas batalhas, como ser humano, também se cansava -. Não direi que foi um herói invencível - porque, por vezes, a incompreensão o cercou e a pequenez com que os sectários de todo tipo que pululam no País procuram os hereges e apóstatas por vezes derrotou belos projetos -. Não direi que tudo o que fez foi acertado - porque, na realidade, muitas vezes, pelo excesso de confiança em alguns que não a mereciam e pelos egos feridos pela franqueza com que sempre se pronunciava, veio a cometer erros involuntários -. Foi o homem que estudou a fundo o Barroco Mineiro, e veio a revalorizá-lo a partir de documentos que encontrou na França, quando esteve a pesquisar ao lado de François Perroux e Claude Lévi-Strauss, consolidando suas pesquisas no extraordinário Minas do ouro e do Barroco, publicado em 2000 pela Editora Barlavento. Foi o homem que mesclou a aula expositiva - a que denominava, jocosamente, "aula de blá-blá-blá" - aos seminários, com excelentes resultados. Foi o primeiro Diretor a ser guindado a esta cadeira por eleição - fato memorável de que tive o privilégio de participar, inclusive fazendo campanha, naquele ano de 1986 -. Foi quem me ensinou o valor da pesquisa para a boa produção do Direito, não somente na teoria, como na própria prática, e demonstrou a insensatez de todas as obsessões com os "ismos" a partir de seu estudo em dois volumes, publicado em 1961, intitulado Do econômico nas Constituições vigentes. Foi quem meus filhos, sem serem seus netos de sangue, chamaram "vovô", sem pestanejar. O Professor Washington Peluso Albino de Souza, a quem devo tudo o que pude produzir de mais consistente no Direito, homenageado em 1995 por coletânea publicada pelo Editor Sérgio Antônio Fabris, intitulada Desenvolvimento econômico e intervenção do Estado na ordem constitucional e em 2009 pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais, foi mais que um Professor, um pai.
Ministro Eros Grau
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Contemplo a linha do horizonte de repente reta, discreta. Como se estivesse em mar alto. Não existe mais, no horizonte, a serra de São José. Seu modo de ser, barroco, diluiu-se. Já não se vê o horizonte que Washington ensinou-nos ao nos trazer, há quarenta anos, a Tiradentes. Sua ausência transtorna o horizonte.
Ensinou-me o Direito Econômico, que um professor da Faculdade de Direito da UFMG dizia ser "o Direito do Washington". Mais importante para a nossa existência, ensinou-nos a fraternidade mineira. Amigos como o professor Orlando de Carvalho e dona Lourdes. Ronaldo Cunha Campos, Ariosvaldo.
Apresentou-nos a Minas. O "chinesismo", dizia, de Sabará. Congonhas. O velho Caraça. Vinha a Tiradentes com o neto, Ricardo, e um cachorro amarrado em uma corda. Um dia corremos todo São João del Rei à procura de bolinhos de feijão. As viagens com ele eram sempre longas, todos os arredores dos caminhos de Minas visitados, cada pequena estória e cada desvio da Historia palmilhados. Sua casa, na serra de BH, um mundo que Washington inventou, no qual não alcançávamos os livros, os livros nos alcançavam.
Foi-se o nosso Amigo. Contemplo a linha do horizonte de repente reta, vazia na sua ausência, um momento depois, contudo, recomposta. À imagem e semelhança da que os emboabas e os inconfidentes divisavam, tal como ele nos ensinou. Desde o momento da sua partida, no entanto, a serra parecia ter mudado ou não haver mais, qual na Poesia. Foi-se o Amigo que nos deu Tiradentes e Minas de presente. Há de ter sido recebido com sorrisos de carinho pelos anjos, os anjos barrocos do Washington.
Professor Fernando Massote
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Assino, juntamente com o autor, Wladmir Coelho, a nota de pesar pela morte do prof. Washington Albino, meu colega, professor da Faculdade de Direito da UFMG e árduo defensor da democracia brasileira, destacado baluarte do nacionalismo brasileiro. Fernando Massote
http://massote.pro.br/2011/06/falecimento-do-prof-washington-albino-wladmir-coelho/
Jornalista Laerte Braga
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No momento em que o governo Dilma Roussef começa a privatizar a frota nacional de petroleiros através da empresa SETE BRASIL (noventa por cento do controle acionário ficam com o BRADESCO e o SANTANDER – cliente da consultoria de Palocci) morre em Belo Horizonte o professor Washington Peluso Albino de Souza, talvez o último dos brasileiros, 94 anos de idade, dentre os participantes da luta “O PETRÓLEO É NOSSO”.
Um dos maiores vultos do nosso Direito o professor foi o responsável pela famosa tese mineira do petróleo. Foi também um dos últimos grandes pensadores do Direito e não se alinhava com o entreguismo udenista que fazia coro, àquela época, a entrega do petróleo a empresas estrangeiras.
Um dos maiores vultos do nosso Direito o professor foi o responsável pela famosa tese mineira do petróleo. Foi também um dos últimos grandes pensadores do Direito e não se alinhava com o entreguismo udenista que fazia coro, àquela época, a entrega do petróleo a empresas estrangeiras.
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