Petrobras
pode entrar com mais de 30% no leilão
Qual
a surpresa?
Wladmir
Coelho
A
direção da Petrobras anunciou a intenção de ampliar a participação da empresa
nos campos de petróleo do pré-sal. Esta ampliação não constitui surpresa alguma
tendo em vista o previsto na Lei 12351/10 cujo teor transformou a empresa
nacional de petróleo em operadora dos blocos ficando, todavia, com o controle
de 30% destes.
Analisando
do ponto de vista prático a Petrobras foi transformada em elemento financiador
dos oligopólios que ficam responsáveis por colocar nos tubos o petróleo
extraído as custas do povo brasileiro exportando, em seguida, o mineral.
A
administração dos blocos efetiva-se a partir da formação de um Comitê
Operacional assim dividido: Metade dos membros indicados pelo governo e os
demais a partir de um acordo entre as empresas participantes.
Este
comitê apresenta como função a elaboração de toda a política de exploração do
bloco transformando-se, considerando-se o total da área de exploração, em
verdadeiro responsável pela elaboração da política econômica do petróleo
brasileiro.
Imaginem
as consequências para a economia brasileira de uma política petrolífera
elaborada a partir de um acordo entre Exxon, British Petroleum, Chevron. E
precisamos lembrar o seguinte: determinadas empresas que apresentam-se como
brasileiras, colombianas e x outras nacionalidades na realidade carregam em sua
composição acionária forte presença das mesmas empresas estrangeiras que sempre
compram significativas fatias nos leilões petrolíferos no Brasil.
Neste
caso a vantagem dos oligopólios é imensa desequilibrando qualquer Comitê
Operacional. As consequências deste fato desembocam na insegurança energética
afastando o Brasil da autossuficiência. Sem o controle das fontes de energia
torna-se impossível a elaboração de um planejamento de base desenvolvimentista.
Este
ponto deveria servir de reflxão, inclusive, ao empresariado nacional
erroneamente direcionado à defesa de medidas que retiram direitos dos
trabalhadores ou reduzem ainda mais conquistas sociais enquanto a entrega das
riquezas nacionais ocorre em plena luz do dia aniquilando qualquer
possibilidade de crescimento do poder de compra.
O
discurso oficial apresenta o contrato de partilha da produção como prova do
controle nacional do petróleo do pré-sal. A grande imprensa apoia o golpe
estampando manchetes a respeito do sucesso dos leilões além de elogios a forma
“técnica” de administrar da atual presidente da Petrobrás.
Neste
caso como fica a existência do tal PIG? Afinal quando o assunto é enriquecer os
oligopólios encontram-se governo e grande imprensa do mesmo lado. Determinados
defensores do governo chegam a criar fantasias nas quais a Agência Nacional de
Petróleo e governo atuam de forma desvinculada e com interesses divergentes.
Alguém em seu juízo perfeito acredita nisso?
Estivesse
o governo determinado a elaborar uma política nacionalista para o petróleo não
teria criado uma lei anti-brasil para o pré-sal. Não estariam os ministros nos
jornais apresentando exemplos que não correspondem a verdade histórica como o
caso da Noruega.
Segundo
o governo o modelo brasileiro para exploração petrolífera do pré-sal seria
idêntico ao norueguês. Entretanto uma análise equilibrada derruba este absurdo
quando observamos o seguinte; O modelo norueguês foi implantado com forte
controle estatal e somente sofreu alterações na última década e mesmo assim a
presença do Estado é superior a existente no Brasil.
A
Noruega passou a utilizar o poder econômico do petróleo em políticas sociais
financiando a estruturação do Estado de Bem Estar Social através da contratação
de funcionários públicos garantindo a saúde, educação, segurança. Este modelo
resultou na resistência dos noruegueses em apoiar a política neoliberal representada
na União Europeia fato verificado em diferentes plebiscitos.
Mesmo
o alegado fundo, que será formado com recursos do petróleo brasileiro para
compra de ações de empresas estrangeiras, na Noruega somente foi instituído 30
anos depois do uso dos recursos petrolíferos de forma direta em beneficio da
sociedade.
Caminhando
para a América do Sul vamos verificar na Venezuela um modelo que defende a
utilização do poder econômico do petróleo como forma de superar os problemas
sociais.
Nos
dois modelos – norueguês e venezuelano – encontraremos a evidente preocupação
em garantir a participação nacional na exploração petrolífera utilizando o
resultado desta em benefícios sociais. Nestes casos tornou-se necessário o
fortalecimento da presença estatal através de empresas nacionais cumprindo um
plano econômico elaborado a partir das necessidades do povo.
Ao
contrário vamos verificar os casos da Colômbia, dos árabes que criaram
contratos semelhantes à partilha de produção e sabemos todos os resultados
históricos manifestados nos graves problemas sociais.
O
discurso oficial brasileiro criou uma comédia histórica confundindo os
objetivos da criação da Petrobras esquecendo a importância da autossuficiência.
Querem usar o dinheiro do povo para doar em seguida o petróleo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário