Cooperação ou
entreguismo?
A visita do Sr. Joe
Biden
Wladmir Coelho
Em 1947 o presidente
Eurico Dutra enviou ao Congresso Nacional o projeto do Estatuto do Petróleo. A
proposta presidencial previa a compra de petroleiros e criação de refinarias
nacionais.
A exploração
petrolífera, propriamente dita, continuaria liberada às empresas internacionais
amparada esta decisão no temor, ou “iminência”, de uma guerra entre os Estados
Unidos e União Soviética.
O general Juarez Távora
chegou a elaborar uma tese denominada “Segurança Continental”. Segundo o
general o Brasil deveria garantir o abastecimento de petróleo aos Estados
Unidos tendo em vista o papel desta nação na defesa do continente contra os
soviéticos.
Deste modo defender a
exploração petrolífera nacional através de uma empresa estatal, conforme
exigiam amplos setores da sociedade brasileira, seria uma grave ameaça à
segurança dos Estados Unidos facilitando, por consequência, a dominação do
continente por tropas soviéticas.
Passados 66 anos desde
a criação da tese do General Távora encontramos a mesma disposição de nossas
autoridades em colaborar com a segurança continental.
A visita do
vice-presidente estadunidense, Joe Biden, indica a ressurreição da tese da
Guerra Fria. Biden, durante as previas do Partido Democrata, apresentou como
principal bandeira de sua candidatura à presidência o tema segurança
energética.
Derrotado por Obama nas
prévias acabou candidato à vice-presidente. No governo preocupa-se diariamente
em garantir os meios necessários para diminuir a dependência petrolífera de seu
país do Oriente Médio.
A segurança energética
dos Estados Unidos pressupõe o controle de todas as áreas com potencial
produtivo incluindo o Ártico e América Latina. No primeiro caso o Sr. Joe Biden
– em discurso aos formandos da Guarda Costeira pouco antes de viajar ao Brasil
– lembrava do compromisso destes militares na ocupação de áreas anteriormente
congeladas afirmando: (...) “Os senhores estão preparados para o futuro do
Ártico que inclui operações complicadas que nunca foram exercidas pela Guarda
Costeira.”
O futuro neste caso significa
garantir a segurança e acesso das empresas estadunidenses para a exploração dos
recursos minerais incluindo o petróleo. A estratégia para efetivação deste
projeto não é novidade. Chegam juntos o canhão e o capital.
No Brasil é retomado o
velho discurso da cooperação. Aliás, o tema da visita do vice-presidente dos
Estados Unidos é exatamente este. Joe Biden chega ao país para tratar da
cooperação energética entre Brasil e EUA.
Podemos entender esta
“cooperação” através das palavras do Sr. Paulo Sotero, diretor do Brazil
Institute do Wilson Center a respeito dos objetivos da visita do
vice-presidente dos EUA: “A cooperação energética é, provavelmente, um fator
chave nessa relação tendo em vista que os Estados Unidos buscam superar a
dependência do petróleo do Oriente Médio”.
Pronto. O Brasil segue
fornecedor de matéria prima entregando às empresas de sempre – vide resultado
dos leilões - o petróleo necessário a segurança energética dos Estados Unidos.
Os entreguistas vibram:
Welcome Mr. Biden!
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