O PETRÓLEO BRASILEIRO
NÃO
PERTENCE AO MERCADO
Wladmir Coelho
O recente leilão das
áreas petrolíferas brasileiras promovido pelo governo, via Agência Nacional do
Petróleo (ANP), representou no campo ideológico o reforço do dogmatismo liberal
resumido no laissez-faire.
Considerando-se os
dogmas desta corrente de pensamento do século XVIII temos os elementos básicos
da liberdade de mercado representados no citado leilão quando a disputa por áreas
produtivas possibilitou ao mais capacitado – endinheirado? - arrematar áreas
com potencial petrolífero.
Observemos nestes
princípios dogmáticos criados no século XVIII a condição de incapacidade do
Estado em administrar a economia tendo em vista a associação deste ao
estabelecimento de limites ao mercado impossibilitando o laissez-faire.
O interesse particular
de um Estado – determina o credo liberal – impossibilita o alcance do paraíso
econômico. Neste aspecto a chamada livre concorrência passa a representar a
inexistência de regras reduzindo as necessidades humanas ao jogo da oferta e
procura. A vida é condicionada – considerando-se o credo liberal – aos ditames
do mercado.
O mercado necessita de
lucro o povo brasileiro da realização dos direitos sociais e econômicos como
saúde, educação, emprego, habitação, transporte público de qualidade... O
governo apresenta como fórmula de superar estas necessidades a adesão plena aos
princípios mercadológicos e entendendo o Estado como instituição a disposição
do capital determina o investimento no mercado de ações para – no tempo
adequado – aplicar os eventuais lucros nas áreas sociais.
Ao fortalecer os
princípios mercadológicos o governo condiciona os direitos sociais e econômicos
do povo brasileiro ao jogo da bolsa, ao lucro dos bancos. As greves em todo
Brasil de servidores da saúde, professores, policiais mostram o quanto
sacrificam estes serviços com baixos salários e estruturas precárias.
O
dinheiro existe, mas sua aplicação obedece as ordens do mercado.
Os defensores do atual
modelo econômico com frequência cobram planejamento das ações governamentais.
Todavia descartam os planos econômicos. Anunciam projeções de cortes nos gastos
sociais, contingenciamentos sempre em nome da austeridade. Todavia o plano é
considerado um pecado um crime contra o laissez-faire.
Neste ritmo o petróleo,
elemento presente na base da produção, e segundo a Constituição de 1988 um bem
do povo brasileiro, foi entregue ao mercado. A exploração do petróleo,
considerado simplesmente em sua condição natural, foi oferecido aos oligopólios
como produto sujeito a “riscos” elevados existindo a necessidade de
oferecimento de maiores vantagens aos grupos interessados em compra-lo.
Para diminuir estes
“riscos” e tornar mais atrativo o petróleo brasileiro o governo financia a OGX,
com dinheiro do povo, ficando esta empresa como ponta de lança da política dos
oligopólios.
Senhora absoluta dos
recursos oficiais a OGX associa-se a EXXON (aqui no Brasil esta empresa atendeu
durante muitos anos pela alcunha de ESSO), ao British Group, a Shell.
O mercado regula a
exploração destes blocos leiloados. Qual a consequência? Este petróleo será
exportado a quem pagar mais aniquilando a antiga luta em defesa da
autossuficiência.
Lembre-se: Os
oligopólios – somados - pagaram 2,7 bilhões de reais pelo direito de fazer o
que bem entenderem com o petróleo nacional este valor, segundo os cálculos mais
pessimistas, retornará às empresas em forma de lucro centenas de vezes maior. O
poder econômico gerado pelo petróleo brasileiro tem dono.
A respeito destes 2,7
bilhões de reais – festejados como o maior negócio de todos os tempos e grande
arrecadação para o governo não custa lembrar; Em 2010 o Banco do Sílvio Santos
ganhou do governo 2,5 bilhões para não quebrar, os estádios reformados para a
copa já ultrapassam este valor isso sem contar os “empréstimos” do BNDES ao
grupo X.
O petróleo brasileiro
não pode ser tratado como uma simples commodity e sua exploração deve seguir um
plano para o desenvolvimento nacional. O predomínio do pensamento mercadológico
impede a construção deste principio existindo a necessidade urgente de
rompimento do modelo imposto e alegremente aceito por nossos governantes.
Anular os leilões do
petróleo e impedir novas entregas deve ser a palavra de ordem de todos os
defensores do desenvolvimento nacional. Devemos exigir a estatização da
Petrobras e retomada do monopólio estabelecido em 1953. Pelo uso do poder
econômico do petróleo em beneficio do povo!
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