PETROBRAS
A
LUTA CONTRA O COLONIALISMO
WLADMIR
COELHO
A indústria petrolífera
mundial apresenta a concentração como principal característica de sua formação.
Este modelo origina-se nos Estados Unidos do final do século XIX e sua maior
representação encontra-se no império construído a partir da Standard Oil
projeto comandado por John Davison Rockefeller
Naquele pais inúmeras
leis foram publicadas procurando limitar o poder do truste da Standar Oil cujo
poder ameaçava a estabilidade econômica nacional. O mais conhecido destes
textos legais foi a Lei Sherman de 1890 cujo resultado foi a divisão do império
de Rockefeller em diferentes marcas mantendo, todavia, o controle em suas mãos.
Peter R. Odell em seu
livro “Petróleo a Mola do Mundo” descreve a engenharia desenvolvida por
Rockefeller para manter seu império. Bastou ao industrial criar em diferentes
estados novas companhias e cita como exemplo a Standard Oil of New York,
Standard Oil of California ...
O controle da produção
petrolífera nos Estados Unidos das últimas décadas do século XIX aos anos finais
da década de 1940 representava o controle de parte significativa do estoque
mundial de combustíveis tendo em vista a sua condição de principal exportador.
Para garantir o domínio
do truste tornou-se necessário regular a quantidade de petróleo produzida,
inclusive, fora dos Estados Unidos. Por este motivo o Brasil, do inicio do
século XX, foi impedido de explorar o petróleo em virtude das manobras da
Standard Oil. A prática do truste fundamentava-se na elaboração de falsos
relatórios científicos que apontavam a inexistência de petróleo em território
brasileiro, compra de terrenos com potencial petrolífero impedindo a pesquisa, domínio
da imprensa através de patrocínios milionários.
Monteiro Lobato, Pandiá
Calógeras, Arthur Bernardes dentre outros denunciaram amplamente esta prática
do truste estadunidense. Somente em 1934 ficaram estabelecidas as determinações
jurídicas que possibilitaram a criação, dezenove anos depois, da Petrobras.
Ao término da II Guerra
Mundial observa-se o predomínio de sete empresas petrolíferas cujo poder
econômico permitiu a divisão da exploração e comércio internacional.
A política econômica de
um grupo privado – a Standard Oil – continuava como regra para a exploração do
petróleo em grande parte do planeta incluindo o Brasil. Deste modo foram
escolhidas áreas para produção e outras para reserva garantindo os interesses
do truste.
A criação de uma
empresa nacional para a exploração do petróleo, como é possível observar, rompe
as imposições de uma empresa privada internacional indicando a elaboração de
uma política econômica do petróleo fundamentada nos interesses nacionais.
A Petrobras resulta de
uma grande mobilização popular a campanha do Petróleo é Nosso. Os defensores e
líderes deste movimento sofreram perseguições, prisões. Na grande imprensa eram
ridicularizados, desqualificados e apontados como irresponsáveis.
Os fundadores da
Petrobras lutaram quebraram a hegemonia de 7 empresas que haviam loteado a
produção mundial de petróleo. Esta ousadia apresentou um preço. Os oligopólios
jamais aceitaram a derrota imposta através da Lei 2004 de 1953 apresentando
contra sua consolidação todo tipo de obstáculos. Os métodos não eram diferentes
daqueles observados no início do século XX.
Contra todas as evidências
foi criado um estudo comandado por um geólogo ligado aos trustes internacionais
no qual afirmava-se – cientificamente – a impossibilidade de exploração
comercial do petróleo em terra no Brasil aconselhando o desenvolvimento da
exploração na plataforma continental.
Este documento ficou
conhecido pelo nome de seu autor – Relatório Link – e foi contestado de forma
ampla a ponto do presidente João Goulart encomendar – de geólogos soviéticos –
uma nova pesquisa cujo resultado foi exatamente o oposto da primeira.
Este último documento
foi “esquecido” enquanto o relatório de Mr. Link foi elevado a condição de
verdade absoluta conduzindo a elaboração da política econômica do petróleo enquanto
durou a ditadura militar.
Durante este período
verificou-se a primeira quebra do monopólio do petróleo – isso sem qualquer
alteração na legislação afinal era uma ditadura - criando o chamado contrato de
risco.
Neste modelo de
política econômica do petróleo a Petrobras seria direcionada para a exploração
no exterior enquanto as empresas privadas – novamente – seriam responsáveis
pelo petróleo em terra. A Petrobrás, no território brasileiro, ficaria
responsável por iniciar o processo de exploração na plataforma continental.
O resultado: A Petrobrás
desenvolveu ao longo de vinte anos os meios necessários para a extração de
petróleo em águas rasas. No momento de sua exploração definitiva foi obrigada,
por força de lei, a entregar parte destas áreas às empresas privadas incluindo
os estudos que apontavam os pontos com potencial petrolífero.
Em terra as empresas
privadas aplicaram o método de sempre: Pesquisas e relatórios de inviabilidade
comercial. O relatório Link foi a base para a Petrobras financiar, pela
primeira vez, os oligopólios internacionais.
Um comentário:
Wladmir, parabéns pelo texto sobre a privatização do pré-sal.
Muito oportuna a citação das providências adotadas pela China.
No Brasil, falta transparência na comunicação oficial sobre as "vantagens" e "desvantagens" desse processo para o nosso desenvolvimento no próximos trinta anos.
Será qu parte expressiva dos "louros" do pré-sal ficaraá conosco ou vai ser remetida para os países sedes das multinacionais como royalties, lucros, etc.
Precisamos acompanhar para não perder o nosso tesouro.
Boa noite,
Cesar Augusto Gomes
Economista UFMG 1976
www,facebook.com.br/consultorcesargomes
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