*** O PETRÓLEO DO IRÃ E A
REFINARIA DOS PRÍNCIPES SAUDITAS
*** A DISPUTA ENTRE
ESTADOS UNIDOS E CHINA; UMA GUERRA RESOLVERIA A QUESTÃO?
*** COMO MOBILIZAR O POVO
PARA UMA GUERRA MUNDIAL?
*** AUMENTO DOS
COMBUSTÍVEIS NO BRASIL; O TRABALHADOR PAGANDO A FARRA DOS ESPECULADORES
*** O PAPEL DA PETROBRAS
ESTATIZADA NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL
POR WLADMIR COELHO
1 – O governo dos Estados
Unidos, para variar, apontou em direção ao Irã no episódio do ataque a
refinaria dos príncipes árabes cujo resultado, ironicamente, gerou elevados
lucros aos fundos de investimentos, produtores de petróleo de xisto sem contar o
alívio e promessas aos produtores de milho a matéria prima do etanol
estadunidense.
2 – Quando o assunto é
petróleo os diferentes governos dos Estados Unidos não pensam duas vezes antes
de intervir nos assuntos internos dos países produtores e no caso do Irã esta intromissão
é verificada desde 1953 através da operação AJAX.
3 – O governo do Irã,
chefiado por Mohammed Mossadegh, foi impedido de comercializar livremente o
petróleo através da empresa estatal gerando, em um país dependente deste
recurso, uma grave crise econômica devidamente aprofundada por ações da CIA
como a organização e financiamento das manifestações de rua, atentados atribuídos aos
comunistas, defesa da família e da religião ameaçadas, notícias falsas de
jornais, acusações contra a honestidade do governante.
4 – Como resultado o
governo nacionalista foi derrubado enquanto um monarca fantoche foi elevado ao
poder e o petróleo entregue aos oligopólios de sempre isso até 1979 quando os
religiosos assumiram a liderança do movimento revolucionário derrubando a
monarquia entreguista e novamente nacionalizando o petróleo.
5 - Atualmente a
tentativa estadunidense de intervir no Irã encontra algumas barreiras
adicionais em relação ao golpe de 1953; ironicamente os antigos inimigos
internos do “comunista” Mohammed Mossadegh contam com o apoio direto do governo
chinês, possuindo este, interesse no fornecimento do petróleo iraniano.
6 – Vejamos alguns aspectos:
a China para a continuidade de sua produção depende em 70% do petróleo
importado e destes, até recentemente, importava 6% dos Estados Unidos atividade
suspensa em função da, por enquanto, guerra comercial.
7 – Adquirido o petróleo,
refinado e transformado em combustível e matéria-prima a produção chinesa
necessita, óbvio, de escoamento e neste ponto o Irã novamente surge como ponto
vital. Somente em infraestrutura de transporte o governo chinês investiu US$ 120 bi na antiga
Pérsia incluindo ferrovias com trens de alta velocidade, rodovias, portos acrescidos,
lógico, da exploração de campos petrolíferos antigos e novos.
8 – O investimento em
infraestrutura de transporte chinês no Irã implica no acesso à Turquia e desta
a Europa e não é sem razão, por exemplo, as constantes reuniões e visitas da
Sra. Merkel ao presidente Xí Jinping sem falar dos interesses franceses.
9 – Um investimento de
bilhões de dólares implica em garantias de segurança e neste caso confundem-se
com aspectos de defesa nacional do Irã e da própria China e certamente este é
um dos motivos da não intervenção militar dos EUA.
10 – Até o momento Donald
Trump – com relação a possível retaliação em função do ataque a refinaria dos príncipes
sauditas – apresenta um jogo de rosnar e latir, pois, tem clareza do preço de
uma invasão ou ataques a distância preferindo aprofundar o cerco econômico
através das sanções.
11 – Até quando? a
economia estadunidense encontra-se estagnada acrescentando-se ao fato uma
movimentação da China, Rússia e Irã no sentido de romper as barreiras comerciais
incluindo, no caso dos dois últimos países, os meios para superar as sanções econômicas.
12 – Qual o meio? o
rompimento do poder do dólar constitui o primeiro passo e neste sentido cresce
a utilização das moedas destes países nas transações comerciais centradas na
China, isso não é pouca coisa, devemos ainda acrescentar os ensaios para a
criação de meios independentes do poder econômico estadunidense para a
compensação dos pagamentos.
13 - Os Estados Unidos
realizam em novembro de 2020 eleições presidenciais e uma guerra de grandes proporções
justificada por prejuízos aos príncipes árabes não é um tema popular.
14 – Qual seria o motivo
para justificar um grande apoio popular à guerra de grandes proporções cujo
resultado seria uma nova divisão econômica do planeta? Exemplos não faltam cito
dois: Pearl Harbor e 11 de setembro.
15 – Fato: os governantes
estadunidenses apontam o dedo contra os iranianos no episódio do ataque com
minas ao petroleiro japonês e recentemente o caso da refinaria árabe criando a
imagem, para o Irã, de um país terrorista com práticas contra a humanidade e
imaginem um atentado de falsa bandeira em pleno território estadunidense. A quem
culpariam?
16 – Por enquanto não
temos o atentado ou uma guerra com bombas, mas o capital necessita de uma ajudinha
estatal urgente para sair da estagnação através da criação de empregos, soldados
vivos recebem salários e mortos diminuem o número de desempregados, uma guerra
de grandes proporções vai movimentar a indústria farmacêutica, a automobilística
e depois a reconstrução com uma população reduzida trabalhando por comida e
moradia. A economia nazista funcionou assim.
17 – Os capitalistas vibram
com a especulação decorrente do ataque a maior refinaria do mundo e nós
trabalhadores estamos pagando a conta considerando o repasse dos custos da
reconstrução das instalações industriais dos príncipes árabes e consequente
pagamento aos especuladores.
18 – ENQUANTO ISSO NO
BRASIL: o governo do Sr. Bolsonaro e seus generais carreiristas e entreguistas
optou pela destruição do país antes mesmo de uma guerra entregando ao império o
controle, inclusive, do petróleo nacional.
19 – De forma debochada o
capitão aposentado realizou, na segunda-feira, um pedido à Petrobras pela
manutenção do preço dos combustíveis. Na quinta-feira verificou-se exatamente o
contrário. Alguma surpresa? Lógico que não. Temos no reajuste dos valores dos
combustíveis no Brasil a cobrança do tributo para pagar o lucro indecente, dos
mais ricos, nas bolsas de valores no último dia 16.
20 – Em 1953 Mohammed
Mossadegh era derrubado no Irã enquanto no Brasil nascia a Petrobras com a
missão de libertar nossa economia da intervenção dos oligopólios petrolíferos
garantindo, inclusive, a criação de uma política de preços independente dos interesses
dos especuladores de sempre. Em 1954 o presidente responsável pela criação da Petrobras,
Getúlio Vargas, sofre uma terrível campanha patrocinada com recursos da CIA cujo
resultado todos sabemos.
21 – Recuperar o controle
nacional e estatal da Petrobras é fundamental para a economia brasileira.
Infelizmente este tema encontra-se apagado, eclipsado por algoritmos
moralistas, religiosos. O governo do Sr. Bolsonaro e seus generais entreguistas
fazem muito bem este jogo e compensam o aumento da exploração do trabalhador
com beijos, insultos e nós embarcamos.
22 – Afinal; diante do
processo de redivisão econômica do planeta, da ameaça de uma guerra, do pagamento
de tributos aos especuladores, da intensificação do trabalho de quem ainda possui
um emprego o que vamos fazer? Vamos continuar feito baratas tontas reproduzindo
o discurso moralista ou vamos buscar os meios para a reconstrução econômica do
Brasil?
23 – Continuaremos assistindo
a entrega do Brasil ou vamos construir um projeto de superação da nossa dependência
econômica implicando este em necessária alteração do processo produtivo?
Questões presentes, questões para o futuro de uma país.
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