INICIAÇÃO
CIENTÍFICA E
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO;
O
PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO
EMANCIPATÓRIO NACIONAL
Wladmir
Coelho
O controle da produção
científica e tecnológica revela-se em nossos dias a base da disputa entre
potências econômicas restando aos países periféricos o simples acompanhamento e
consequente consumo das chamadas novas tecnologias.
A dependência tecnológica,
deste modo, apresenta-se como um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico
aprofundando a distância entre ricos e pobres desde o acesso aos medicamentos,
às condições de transporte, comunicação e emprego.
Diariamente os meios de
comunicação divulgam informações envolvendo a disputa pelo controle tecnológico
nos diferentes setores da economia constituindo este fato em disputas que
beiram o conflito militar encontrando-se este setor, inclusive, no centro da
produção cientifica mundial.
No caso brasileiro a
superação destas dificuldades encontra no discurso da valorização da educação a
sua fórmula comum, contudo a palavra de forma isolada não consegue materializar
os meios necessários existindo a necessidade da criação de políticas
educacionais entendidas como parte integrante do planejamento econômico.
Neste sentido a
Constituição de 1988 elevou a educação básica a condição de direito social
determinando ainda a sua vinculação ao mundo do trabalho e a prática social criando,
desta forma, os instrumentos necessários a formação de nossos jovens associada
ao processo de transformação econômica nacional.
Desta forma o
desenvolvimento de uma formação cientifica básica passa a exigir a superação
das metodologias educacionais apoiadas no discurso da ciência para aquela
voltada à associação entre a teoria e a prática valorizando a intervenção no
meio social apresentando como objetivo, ainda segundo a Constituição de 1988, a
“promoção humanística, científica e tecnológica do país.”
A restrição ao discurso
da ciência nas escolas, em detrimento a sua associação a prática cientifica, guarda
ainda elementos da busca de uma mítica neutralidade de suas ações impossibilitando
a intervenção na realidade a partir da orientação escolar resultando na
formação pautada na simples aceitação e quando muito na adequação das vidas dos
estudantes as condições sociais dadas.
Vejamos neste ponto a
necessária superação das formas tradicionais observadas nas antigas feiras de
ciências com maquetes dos grandes rios e seus afluentes para um estudo amplo
envolvendo, além da maquete, a forma de exploração econômica predominante
naquelas águas com seus benefícios e perigos ou uma análise das áreas de risco
urbanas superando a simples narrativa do desmoronamento iminente distanciada de
um estudo das políticas de ocupação e uso do solo.
A iniciação científica,
como observamos, possui como característica a mobilização social reservando a
escola a condição de educadora não somente de seus estudantes ampliando esta
função à comunidade na qual encontra-se inserida. Para ilustrar esta aplicação
imagine os estudantes do ensino médio participando diretamente da elaboração e
aplicação, junto as prefeituras, dos projetos de preservação do patrimônio
público ou contribuindo na criação de meios para o uso racional da água e
energia com o apoio das empresas públicas do setor.
Temos neste ponto a
vinculação da educação ao mundo do trabalho, fato determinado em nossa
Constituição, ampliando o conceito de trabalho para além da formação técnica e
profissional associando a escola a ação criativa e prática apresentando em sua
base a democratização da produção científica.
Esta democratização,
naturalmente, inclui não apenas a aplicação escolar de novas tecnologias, mas a
sua reelaboração somada ao acesso aos centros de criação estimulando ainda a
formação continuada de nossos professores através de programas de formação em
diferentes níveis associados a progressões e promoções em sua carreira.
Temos no fato iniciação
científica, como é possível observar, aspectos notáveis em relação ao processo
de ensino/aprendizagem, contudo devemos atentar para a sua condição supra
escolar envolvendo desde a formação de professores, a mobilização dos
diferentes agentes públicos, o setor produtivo somados a necessária política
econômica voltada ao desenvolvimento nacional.
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