EDUCAÇÃO NÃO É
MERCADORIA
Os perigos da entrega
do ensino superior aos grupos econômicos
Wladmir Coelho
O principio da livre iniciativa
encontra-se presente e garantido pela Constituição brasileira e desta forma
poder-se-ia entender que a educação, reduzindo
a carta ao citado principio econômico, poderia ser facilmente entendida como
uma simples mercadoria.
Esta, naturalmente, constitui a
leitura fundamentalista da Constituição traduzida, de forma simplista, em
vitória máxima da chamada LEI DE MERCADO. Todavia a mesma Constituição
apresenta como seus fundamentos a cidadania e a soberania tendo ainda em seu
capítulo econômico a determinação da obrigatoriedade do PLANEJAMENTO ECONÔMICO
e “busca” do pleno emprego.
No fato soberania torna-se
evidente a necessidade de criação dos instrumentos necessários para a defesa e
segurança nacional e neste ponto poderíamos entender de forma objetiva a importância do controle das tecnologias
referentes ao funcionamento da economia incluindo o controle da produção e estoques
de alimentos, matéria prima, comunicação dentre outros.
E quando aprofundamos e chegamos
ao planejamento econômico longe de reduzir a universidade a condição de fábrica
de tecnocratas deparamo-nos com a urgência de formação de pessoas em condição de
entender uma determinada realidade dominando as fórmulas necessárias para sua
transformação.
É preciso, para a superação de
nossas injustiças sociais, não somente repetidores de Códigos, fórmulas ou profissionais
capacitados para tornarem-se cirurgiões das estrelas de cinema.
Necessitamos entender que
soberania somente pode ser construída com a superação do nosso estágio
colonial. Vejamos o outro ponto presente em nossa Constituição
e fundamental para o desenvolvimento nacional: A busca do Pleno Emprego.
Primeiro entender que pleno emprego, ao contrário do que é apresentado de forma
vulgar, não resume-se no dado estatístico que entende como tal o simples
registro quantitativo de carteiras de trabalho independente da formação do
trabalhador.
Pleno emprego é direcionar as
atividades para as quais foi formado o
estudante. Observaremos neste ponto que a Constituição determine como
fundamento a livre iniciativa esta não pode ser aplicada seguindo somente as
citadas necessidades do chamado mercado, ou seja, existem limites.
Ao entregarmos a educação nas
mãos de grupos privados, a maioria controlados por investidores estrangeiros, estamos
abrindo mão do principio da soberania nacional, estamos abdicando a criação de
uma política econômica que permita a transformação social do Brasil.
Este aspecto torna-se fácil de constatar quando retomamos o fato
PLANEJAMENTO ECONÔMICO e PLENO EMPREGO. Estas duas determinações
constitucionais somente tornam-se possíveis considerando-se a intervenção no
chamado mercado criando assim os meios para a limitação aos interesses e
vontades dos controladores do capital.
Como conseguir o pleno emprego
sem um planejamento econômico que venha a incluir a necessidade de criação de
cursos e a forma de atuação somados a garantia de atuação profissional destes
futuros profissionais considerando-se somente o fato LUCRO?
Naturalmente encontraremos um
forte distanciamento entre a necessidade de remunerar os acionistas dos grupos
controladores de universidades caracterizados pela criação de cursos da “moda”
vendidos a partir de uma “necessidades do mercado”, criando nos estudantes
ilusões a respeito do mundo do trabalho, das necessidades do conjunto da
população.
A educação mercadoria somente
contribui para a manutenção do modelo colonial necessário a sobrevivência dos
“donos do poder” e assume um caráter pretensamente cientifico quando passa a
diplomar profissionais que não entendem a relação política presente nas ações
que passam a ter autoridade para desempenhar.
Vejamos o caso do minério ou do
petróleo. Afinal do que nos adianta formar especialistas em extrair estes
recursos ou tecnocratas que saibam listar os números de entrada e saída amparados
por profissionais que simplesmente encarem a economia como ciência exata e
reduzam o direito a sua simples regulação?
O modelo de exploração do
petróleo nacional torna-se ainda mais preocupante quando observamos a sua
redução a condição de “commodities” ignorando-se a sua utilização em beneficio
do desenvolvimento nacional ou como forma de garantia da segurança.
Querem, os “donos do poder”,
somente construir uma forma de exporta-lo e quando falam na formação de mentes
para o setor reduzem tudo a formação de pessoas em condições de entender como
extrair e manter a velha fórmula de destina-lo aos mercados internacionais.
Iludem-se aqueles que de posse
dos dados estatísticos comemoram o aumento de bacharéis ou técnicos. Na verdade
a jornada frenética ou oba-oba oficial resume-se em criar os meios de
manutenção do velho modelo ignorando a necessidade do PLANEJAMENTO ECONÔMICO,
PLENO EMPREGO como caminho para o desenvolvimento.
Um comentário:
concordo com suas colocações e permitindo-me uma opinião, nosso pais ao meu ver nunca perdeu seu espirito de colônia, vive de copiar modelos que estão sendo sucesso em outros países sem aperceber-se das condições locais e criando politicas de remediação quando a necessidade iminente exige, praticamente na história do brasil republicano nunca houve uma politica educacional duradoura, livre as concepções partidárias particulares e que visualiza-se resultados a longo prazo, é tudo imediatista a exemplo da politica de cotas, que cria a ilusão de garantir o acesso a universidade de pessoas despreparadas, devido a péssima educação básica que tiveram, estas mesmas pessoas dificilmente concluem seus cursos ou o fazem de forma insatisfatoria
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