Por onde anda o petróleo
brasileiro?
Wladmir Coelho
A companhia
petrolífera estadunidense ANADARKO colocou a venda os seus ativos no Brasil,
avaliados de forma superficial em 3 bilhões de dólares, e não conseguiu
compradores. Enquanto isso os valores de suas ações não param de cair gerando a
necessidade de apresentação de um plano, de curto prazo, com investimentos
baixos e lucros elevados. Como sabemos esta receita não caracteriza a
exploração do chamado pré-sal brasileiro.
Este fato, o
elevado custo para a exploração do pré-sal, não constitui nenhuma surpresa e
para tornar viável o lucro dos oligopólios a Petrobras foi transformada em
financiadora de todo o processo.
Para
justificar esta ação um elaborado programa de publicidade foi construído em torno
do potencial petrolífero nacional recordando o ufanismo da ditadura militar,
cujo sentido era o mesmo, apresentando o governo como defensor das riquezas
naturais e a Petrobras como executora deste processo.
Tudo fantasia
publicitária. A Petrobras na verdade era transformada em operadora de todos os
blocos, mas seu controle não ultrapassa os 30%. O fato de exercer esta
condição, basta ler o texto da Nova Lei do Petróleo, implica em financiar todo
o processo exploratório.
Com 30% a
Petrobras paga a maior parte enquanto o restante – o lucro propriamente dito –
fica para as empresas de sempre. A mesma lei garante aos oligopólios a
liberdade de oferecer a quantidade de óleo que considerarem conveniente em
pagamento ao Estado.
Enquanto isso
ficavam os governadores e outros agentes brigando por migalhas ocupando as
páginas dos jornais com discursos demagógicos em nome do controle royalties que
de forma geral representam migalhas no contexto mais amplo desta negociata. O
financiamento é nacional enquanto o lucro destina-se aos cofres dos bancos
internacionais.
A publicidade
oficial ufanista criou a legitimação da urgência em explorar o pré-sal e sua
destinação obvia ao mercado internacional simplesmente modificando o produto
natural de exportação representado em outras épocas em forma de pau-brasil,
cana de açúcar, café, soja... Agora será a vez do petróleo.
Recordemos. A
legislação do pré-sal foi elaborada nos anos iniciais da crise econômica
mundial, em nossas terras denominada marolinha, fundamentando-se em uma
vertente do keynesianismo ou entendimento deste a partir da intervenção do
Estado como elemento em condições de patrocinar a salvação de um setor da
economia. Todos conhecemos a situação dos oligopólios financeiros
internacionais e quanto custa em nossos dias manter em funcionamento este
modelo.
Desta forma os
geniais representantes do povo brasileiro – o crime foi cometido por quase
unanimidade de nossos representantes – a partir de uma Lei escrita nos Estados
Unidos e traduzida em Brasília criaram um fundo a ser formado, de forma
obrigatória, com recursos oriundos do pré-sal.
Estes recursos financeiros destinados ao
Estado brasileiro devem ser aplicados de modo obrigatório em títulos – que
podem pertencer – as empresas que abocanharam parte dos blocos. Vejam: a
recuperação dos chamados investimentos internacionais ficaram garantidos e
praticamente sem riscos.
Neste
ponto é importante observar que os mesmos grupos financeiros que neste momento
controlam a política econômica mundial encontram-se a frente das direções e
Conselhos das empresas petrolíferas – todas elas – determinando a forma de
atuação e dividindo as áreas que devem ser ocupadas.
O
aprofundamento da crise mundial diminuiu o lucro das empresas petrolíferas
tornando menos atrativo o investimento em suas ações. Este fato criou maiores
dificuldades para a capitalização, todavia a legislação brasileira possibilita
a manutenção do modelo.
A situação da
petrolífera britânica BG Group mostra com clareza esta situação. As empresas de
classificação de risco levantam preocupações quanto a saúde financeira e
exigem, da mesma forma que mostrávamos a respeito da Anadarko, um plano de
médio prazo para aumento dos lucros.
Segundo
analistas – ouvidos recentemente pelo Financial Times – o pré-sal torna-se a salvação
da empresa britânica cujo Conselho liberou a assinatura do pedido de empréstimo
de 4,5 bilhões de dólares para a aquisição da estrutura de exportação do
petróleo brasileiro. Naturalmente a Petrobras, pelos motivos aqui expostos,
encontra-se a frente nas responsabilidades com os credores.
A política
econômica do petróleo no Brasil precisa ser modificada como urgência, pois seu
objetivo maior é capitalizar os oligopólios financeiros internacionais através
de uma exploração predatória do pré-sal. A Petrobrás foi criada para abastecer
o mercado interno tratando-se de parte integrante de um plano nacional de
desenvolvimento.
Trata-se,
portanto de uma questão de segurança nacional a revisão da atual legislação que
compromete qualquer plano de superação dos efeitos da crise internacional. Os
resultados do trabalho no Brasil não podem continuar alimentando os bancos
internacionais e sacrificando o nosso povo. Nossa realidade econômica,
diferente da marolinha, revela-se nas greves dos servidores da educação federal,
nos baixos salários dos professores do ensino fundamental, nos graves problemas
observados na saúde.
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