QUEDA
NO PREÇO DO PETRÓLEO E OS INTERESSES DOS ESTADOS UNIDOS
Wladmir
Coelho
Existe uma vasta
literatura revelando as ligações financeiras entre a família real árabe e as
empresas petrolíferas estadunidenses. Esta aproximação, segundo estas mesmas
fontes, encontram na família Bush o seu principal apoio.
O jornalista Graig
Unger em seu livro “As famílias do Petróleo”, ilustrando esta amizade entre as
duas famílias, revela toda a estrutura montada para proteger os membros da
realeza árabe residentes nos Estados Unidos durante o 11 de setembro.
A logística de proteção
dos nobres árabes compreendeu a abertura
do espaço aéreo permitindo a decolagem de um avião levando para a casa príncipes
e princesas que sentiam-se ameaçados nos Estados Unidos.
Enquanto isso os outros
residentes de origem árabe eram acusados, atacados, presos. Para o capital
apenas um detalhe. A proteção dos príncipes da família Saud representava e
representa a continuidade do atendimento às necessidades comerciais, políticas
e militares dos EUA no Oriente Médio.
A
contradição entre o aumento da produção e queda no preço
Os árabes possuem a
maior produção de petróleo do mundo investindo parcela considerável destes
recursos nos Estados Unidos. Neste país participam, inclusive, do controle da
refinaria Motiva Enterprises, a maior dos EUA, cuja principal função é refinar
o petróleo de xisto.
Apesar da queda no
valor do petróleo, em grande parte decorrente do aumento da produção do óleo de
xisto no Canadá e Estados Unidos, a produção petrolífera em junho de 2015 na
Arábia Saudita superou os 10 milhões de barris ao dia.
Esta produção foi
exportada, em grande parte, para a Ásia e Índia. Observem neste ponto o
favorecimento dos príncipes amigos diante das sanções impostas ao Irã e a
Rússia grandes fornecedores da região.
A família Saud, como
podemos observar, recolhe de seus investimentos e sociedades comerciais com as
oligarquias estadunidenses as vantagens decorrentes da queda da produção
forçada no Irã e Rússia. Devemos acrescentar que a política externa dos Estados
Unidos desorganizou a produção petrolífera de outros grandes exportadores
dentre eles Iraque e Líbia.
Somente no caso do Irã,
efetivado de forma plena o fim das sanções, tornam-se necessários US$ 200
bilhões para regularizar a produção considerando-se investimentos para a
modernização dos equipamentos e perfuração de novos poços.
Príncipes
ricos povo pobre
A indústria petrolífera
árabe é responsável por 90% das receitas nacionais, todavia os empregos gerados
no setor encontram-se destinados à estrangeiros cuja presença calcula-se em 6
milhões.
A população total da
Arábia Saudita conta-se em 28,83 milhões e destes dois terços possuem menos de
30 anos de idade. A juventude, faixa entre 16 e 29 anos, representa 29% dos
desempregados.
Fica evidente a ausência
de uma destinação social aos recursos decorrentes da exploração petrolífera
predominando os interesses do lucro ou eficiência produtiva como preferem os
chamados “investidores”.
Preço
do petróleo e geopolítica
O exemplo dos príncipes
da família Saud revela o quanto é ilusório a famosa mão invisível. O preço do
petróleo resulta dos interesses, consubstanciados, do Estado e oligopólios.
O aumento ou redução da
produção encontra-se submetido à política econômica estabelecida em beneficio
dos oligopólios apoiados pela estrutura estatal, diplomática e militar,
responsável pela aplicação do modelo em seu território ou fora deste.
A estrutura ideológica
(monopólio da imprensa, educação, corrupção política...) fica encarregada de
legitimar e dogmatizar os interesses do chamado mercado fantasiando de natural as ações dos oligopólios.
Desorganizar a produção
revela-se um prejuízo aos detentores dos direitos de exploração em determinado
território, mas não significa a ausência de lucro para os oligopólios.
O controle mundial da
produção garante, com simples ajustes, a sobrevivência de um modelo. Aos
oligopólios importa o controle da política econômica do petróleo envolvendo,
neste caso, não apenas as áreas produtivas mas aquelas com potencial.
Esta prática determina
o quanto será permitido a um país o controle e acesso aos recursos naturais
existentes em seu território. A existência da mínima possibilidade de quebra
deste modelo é combatida e destruída existindo na história inúmeros exemplos.
Um comentário:
Wladimir.
Obrigado pela aula.
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