A notícia do suicídio do
presidente Vargas resulta em revolta popular
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O
SUICIDIO DE GETÚLIO VARGAS
Wladmir
Coelho
Temos no dia 7 de setembro
a referência oficial para as comemorações da
independência política do Brasil, contudo duas outras datas devem ser recordadas
exatamente por representarem a aspiração de independência política associada a
necessária independência econômica.
Em ordem cronológica
temos o 21 de abril dedicado ao alferes Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, um homem do povo que ousou defender o rompimento com o modelo
colonial.
Imaginem este simples ato
(defender a independência política e econômica) e sua relação com o capitalismo
nascente sedento de ouro para investimento em maquinário, louco para ampliar as
áreas de fornecimento de matéria prima somado a necessária ampliação do mercado
para a venda de seus excedentes.
A colônia, sentenciam os
defensores do modelo, deve aguardar o momento natural para a sua emancipação fornecendo
inicialmente matérias primas ou agrícolas e somente após acumular os recursos
necessários iniciar um processo de industrialização e assim romper com sua
metrópole.
Qualquer ato que venha
prejudicar este caminho “natural” é considerado uma ameaça à civilização e deve
ser punido com rigor. No caso do Tiradentes sabemos todos como terminou.
A segunda data é o 24 de
agosto quando, em 1954, suicidou o presidente Getúlio Vargas em ato de denuncia
a tentativa de um golpe de estado articulado por setores da direita
antinacionalista submissa ao
imperialismo.
Vargas era apontado nas
páginas e microfones da chamada imprensa livre como assassino e corrupto sem qualquer
oportunidade de defesa. Toda calunia contra ele era transformada em verdade
ganhando força nos clubes de senhoras da sociedade, nos salões de bailes, nos
camarotes do Jockey e junto aos setores antinacionalistas infiltrados exatamente
nas instituições cuja responsabilidade é a defesa da soberania nacional.
Diga-se de passagem,
estes mesmos grupos surgem de tempos em tempos organizando marchas autoproclamadas
patrióticas associadas a dita defesa da família resultando, este discurso, em
aprofundamento da submissão ao imperialismo, retirada de direitos do povo e supressão
da democracia.
Criador do processo de
industrialização nacional Vargas ousou desenvolver os meios necessários ao
rompimento com o modelo econômico de base colonial defendendo fortalecimento do
mercado interno considerando para este fim a necessária intervenção do Estado.
A regulamentação das
relações trabalhistas, a proteção do capital nacional a criação de um sistema
de previdência social caracteriza o modelo varguista. Veja: não temos aqui um
Estado assumindo o planejamento da economia ou o controle dos meios de produção
associado ao fim da propriedade privada. Vargas apresentava um modelo capitalista
para o Brasil e mesmo assim foi odiado pelos setores dominantes. Qual a causa?
A resposta sabemos: o
império não tolera ameaças ao seu domínio e as politicas nacionalistas dos
países periféricos representam graves fraturas no modelo de dominação
internacional. Vargas ao propor o fortalecimento do capital nacional –
utilizando para este fim inclusive o poder econômico do Estado – enfrenta
diretamente as grandes empresas multinacionais notadamente aquelas do setor
petrolífero.
A criação da Petrobras está
diretamente associada a crise que resultou no suicídio do presidente Getúlio
Vargas considerando o controle – pelo capital nacional neste caso representado
pelo Estado – de importante etapa do processo produtivo.
Imagine um país periférico
controlando sua produção a partir de políticas econômicas não mais submetidas
aos interesses das multinacionais do petróleo e utilizando o poder econômico
deste para ampliação do consumo interno. Qual seria o próximo passo deste povo?
Quais seriam as contradições decorrentes do modelo varguista e a forma de sua
superação?
O império sabe as
respostas. Os donos do poder, submissos ao império, sabem as respostas e preventivamente
utilizam da ideologia para garantir a continuidade do modelo do qual depende a sobrevivência
de seus interesses.
O 24 de agosto deve ser
lembrado como data de resistência do povo brasileiro contra a exploração
imperialista simbolizado do ato extremo do presidente Getúlio Vargas.
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