ESTATIZAR
A VALE É QUESTÃO DE
SEGURANÇA NACIONAL
Wladmir
Coelho
Ao presidir Minas Gerais
(1918 a 1922) Arthur Bernardes criou o primeiro plano de incentivo a indústria siderúrgica
através de renúncia fiscal sem conseguir, contudo, êxito em suas intenções de
superar a simples exploração mineral através da industrialização de base.
Bernardes naquele momento
sofria uma derrota imposta através do poderoso cartel da produção de aço nos
Estados Unidos responsável pelo controle mundial deste segmento econômico.
A história da Vale
decorre exatamente do projeto para superação deste modelo de submissão do
Brasil aos interesses do capital estrangeiro aspecto impeditivo para o nascimento
de uma indústria de base em condições de alterar a velha prática colonial.
Neste ponto precisamos
observar a evidente necessidade da intervenção estatal no setor econômico considerando
o conflito representado através de um cartel internacional, sediado nos Estados
Unidos, contra o projeto brasileiro de industrialização fato que nos leva a
entender a indispensável associação do tema à Segurança Nacional.
Em 1926 o presidente Arthur
Bernardes envia ao Congresso Nacional uma emenda constitucional ao texto de
1891 possibilitando, dentre outros aspectos, associando a exploração mineral
aos interesses de segurança nacional criando as primeiras condicionantes ao
direito de extensão da propriedade do solo ao subsolo e limitando a atuação de
empresas estrangeiras.
Este aspecto foi
aprofundado na Constituição de 1934 ao destinar a União a propriedade do
subsolo somado a nacionalização do setor de exploração mineral recebendo este legislação
específica através do primeiro Código de Minas no mesmo ano.
A fundação da Companhia Vale
do Rio Doce através de decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas em 1942
resulta, portanto, de um longo caminho para a construção dos meios necessários
ao enfrentamento do poderio dos trustes internacionais e elaboração de uma
política nacional de industrialização.
A privatização da Companhia
Vale do Rio Doce em 1997 enterra toda esta história e retoma o antigo projeto
de base colonial assumindo o capital estrangeiro o efetivo controle da empresa –
Adriano Benayon escreveu exaustivamente a respeito do tema – resultando de
forma evidente, este controle estrangeiro, em ameaça a segurança nacional.
A Constituição de 1988 em
seu artigo 173 reserva ao Estado a exploração direta de atividade econômica “quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo” e convenhamos as consequências do crime cometido pela Vale em
Brumadinho somado ao de Mariana constituem neste exato momento uma séria ameaça
a economia nacional resultando esta em imperiosa necessidade de intervenção na
direção da empresa.
Neste momento os
interesses do capital internacional promovem uma reorganização de uma empresa responsável por de 80% da exportação
mineral com valores acima de 20 bilhões de dólares ou 8% do total das
exportações nacionais e o simples anuncio da remodelação da produção em Minas
Gerais provocou a estimativa – considerando somente a relação direta com a companhia
- de queda de 300 milhões de reais nas
arrecadações ou 30% da arrecadação no setor mineral representando esta, segundo
a Fundação Getúlio Vargas, praticamente 3% do PIB de Minas Gerais.
Os governos federal e
estadual, até o presente momento, apenas assistem os movimentos da Vale sem
apresentar e defender, de forma clara, os interesses do povo de Minas e do Brasil.
A total liberdade
oferecida a política econômica privada apresentou como resultado uma sequência
de crimes contra a vida, ao meio ambiente e economia do Brasil. O resultado
está no aprofundamento da crise econômica estadual e nacional com consequências
para o cumprimento da oferta da educação pública, saúde, segurança sem falarmos
no aumento do desemprego.
Temos neste momento um
quadro de nítida ameaça à segurança nacional e esta não pode continuar
negligenciada em função da submissão aos interesses do capital estrangeiro é hora
de nacionalizar a Vale.
Nenhum comentário:
Postar um comentário