E
AGORA MINAS?
Wladmir
Coelho
O crime da Vale em
Brumadinho representa mais um capítulo do processo de recolonização do Brasil
também chamado, de forma eufemista, de modernização, abertura econômica,
flexibilização.
A lama criminosa colocou
os brasileiros de Minas, abruptamente, diante de uma realidade terrível
ocultada através das promessas de progresso, geração de empregos anunciadas em
lindos vídeos, belíssimos seminários e coloridas revistas feitos por gente descolada
nos quais um mundo de proteção à vida, a natureza, a educação era construído. Tudo
mentira!
Na realidade aplicava-se,
e ainda é assim, um método através do qual um mundo paralelo de papel, tinta, seminários
e vídeos melosos é criado para ocultar as gigantescas máquinas que arrancam as
montanhas e as depositam, como observou Drummond, no Maior Trem do Mundo ou as
entubam em minerodutos remetendo para um ponto qualquer do planeta em
continuidade ao processo iniciado em 22 de abril de 1500.
E pensar em Tiradentes,
lá no século XVIII, denunciando a mesma situação e encontrando a morte iniciando,
com seu nome, a lista dos trabalhadores
de Brumadinho representando estes o sintoma terrível da dependência de Minas e
do Brasil de um modelo econômico atrasado submetido aos caprichos de uma
empresa comandada por interesses estrangeiros, do risco friamente calculado, do
lucro acima da vida. Maria, a louca, está viva e suas sentenças terríveis ainda
pesam.
Privatizem tudo! Bradam os
governantes cínicos, os militares entreguistas, a imprensa vendida, os políticos
comprados, os alienados da classe média, os fanáticos. Horror! Bradam os mesmos
diante do crime de Brumadinho. Farsa geral. Canalhice plena.
Diante do crime os
governantes revelam sua submissão ao império do capital; vou mudar a direção da
Vale! vociferava o general interino cujo rugir transformou-se em delicado miado
em subserviência aos interesses dos acionistas da empresa assassina.
Enquanto isso o
governador do Estado sobe e desce do helicóptero, marcha com soldados de um exército
estrangeiro, mas até o presente momento não revelou qual o seu plano para superar
o aprofundamento da catástrofe econômica.
Aliás, apresentou sim. Trata-se
da adesão ao plano federal no qual aprofunda-se a política de entrega do Estado
aos interesses do capital estrangeiro com a privatização da CEMIG e COPASA e
revelou-se ainda interessado em criar os meios para reduzir os salários e
demitir funcionários efetivos.
Estado mínimo! Este
mantra conduziu a privatização da Vale e vai levando a Petrobras, o Banco do
Brasil, a Caixa Econômica Federal. Perde o Brasil os elementos para elaboração
de uma política econômica emancipatória perdem os trabalhadores a vida.
A submissão aos interesses
do capital internacional está matando o povo brasileiro precisamos romper com este
modelo ou seremos todos soterrados pela lama tóxica das barragens do entreguismo.
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