SIMÓN BOLÍVAR |
BOLSONARISMO
E O MEDO DA
HISTÓRIA
Wladmir
Coelho
Na região metropolitana
de Belo Horizonte conhecemos bem os efeitos da mineração: a destruição do meio ambiente,
a expulsão de comunidades inteiras (com uso da violência) para ampliação das
áreas de exploração, a dependência colonial de um produto do extrativismo e
consequente atraso econômico diretamente associado a submissão aos poderosos
grupos multinacionais.
Fica ampliado este quadro
ao recordamos os terríveis acontecimentos de Mariana após o rompimento
criminoso da barragem de rejeitos da Samarco, uma joint-venture entre a antiga empresa
brasileira Vale do Rio Doce com a multinacional BHP Billiton, uma espécie de
resumo das práticas de exploração mineral ao modo colonial.
Deste passamos ao
petróleo outro setor extrativista entregue aos interesses imperialistas em
nosso país desde o final do século XIX quando registram-se os primeiros ataques
as iniciativas nacionais para a sua exploração e início de uma indústria petrolífera
voltada à produção de lubrificantes e derivados para iluminação.
O controle do setor
mineral brasileiro, ou melhor, as diferentes tentativas para o controle
nacional deste seguimento básico da economia resultaram da organização de
diferentes setores sociais amparados estes na plena consciência do necessário afastamento
do modelo econômico de base colonial estando este necessariamente associado ao
rompimento com a estrutura imperialista notadamente aquela dos Estados Unidos.
Vejamos aqui o quanto é
necessário a abordagem histórica observando a negativa desta como forma de
simples aceitação da manutenção do quadro de submissão aos interesses
imperialistas constituindo esta a prática adotada em nossos dias através das
declarações dos indivíduos associados ao bolsonarismo.
Vamos recordar aqui: O
Ministério da Educação é o responsável não somente por gerir as escolas de
educação básica, mas todo um sistema incluindo universidades no Brasil e neste
sentido temos declarações contundentes do futuro ministro
relativas as possíveis formas de controle ideológico incluindo a criminalização
de professores.
A prática da negação da História
como forma de manutenção do modelo econômico e submissão encontraremos em
recente texto do futuro ministro da educação intitulado “30 anos da CF-1988, o
avanço do retrocesso”. Neste texto ficam transparentes a prática destacando as
deturpações de pensadores como Raimundo Faoro passando por Getúlio Vargas
atingindo o conceito de Terceiro Mundo e assassinando a obra de Vladimir Lênin
além de mentir a respeito de John Atkinson.
Neste último autor, o
futuro ministro da educação, revela todo o ódio a qualquer tentativa de
rompimento com o modelo imperialista classificando Atkinson como marxista simplesmente
por ser citado em obra clássica de Vladimir Lênin. Atkinson, como sabemos, foi
um autor burguês cuja análise do tema em pauta apresentava um caráter reformista
e não revolucionário conforme verificamos em Lênin.
Vamos entender: Os
estudos de Atkinson influenciaram, em determinada medida, as ações nacionalistas
de setores importantes inclusive das oligarquias brasileiras e notaremos
reflexos em Pandiá Calógeras, Simões Filho, Arthur Bernardes, Getúlio Vargas e
outros representantes nacionalistas não marxistas.
Bernardes, por exemplo,
possui inúmeros discursos condenando o imperialismo, contudo não vamos verificar, deste antigo presidente,
uma única linha em defesa da socialização dos meios de produção ou controle do
setor industrial através de cooperativas de trabalhadores.
O mesmo aspecto vamos notar
a respeito do presidente Getúlio Vargas outro merecedor de ataques raivosos do
futuro ministro cujo interesse está exatamente em criar meios efetivos para
retirar da História a sua condição de ciência transformando esta em meio de
legitimação dos interesses imperialistas.
Os bolsonaristas, o texto
de autoria do senhor Rodríguez ilustra com clareza, pretendem romper com o modelo
econômico proposto a partir da Constituição de 1988 simplesmente por este
apresentar os meios necessários a superação do modelo econômico de base
colonial e consequente necessidade de rompimento com o imperialismo notadamente
aquele dos Estados Unidos.
O futuro governo
Bolsonaro organiza-se ideologicamente no sentido da submissão ao imperialismo estadunidense
através da adoção de um modelo não democrático bastando para este fim observar
as declarações do presidente, o vice, o chanceler, o ministro da educação e do
chefe da economia de entrega o senhor Paulo Guedes.
O ataque a Constituição
de 1988 representa o claro interesse em romper com a democracia e todos os
meios ou tentativas de ampliação da representação popular e a ampliação desta
dos parlamentos aos conselhos, às conferências, aos colegiados.
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