NOVO
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
E CONTROLE
IDEOLÓGICO DAS ESCOLAS
Wladmir
Coelho
Observa-se com frequência
o recurso do discurso da manutenção da ordem associando esta ao fato
patriotismo curiosamente negando a associação deste ao nacionalismo econômico.
Ordem, neste caso,
associa-se ao principio defendido por Adam Smith, no final do século XVIII, da
existência de etapas para a emancipação dos diferentes povos ficando o menos avançado
submetido ao mais desenvolvido economicamente.
Este princípio, quando aplicado
ao Brasil, encontra em diferentes autores de fundamentação liberal as
justificativas para defesa de políticas econômicas antinacionalistas entendendo
esta como única forma de garantir a superação natural das etapas que elevariam
um povo de sua condição econômica inferior ao Olimpo do crescimento.
Fica claro, neste ponto,
a ideia de ordem associada a submissão dos princípios de uma corrente de
pensamento cuja principal característica foi legitimar um modelo econômico
amparado na submissão plena aos interesses do mais avançado economicamente.
Nega-se neste ponto o
recurso à análise histórica atribuindo a simples ação da natureza as questões
decorrentes do modelo econômico, ou seja, a ideia do patriotismo associado a
submissão à ordem omite em sua essência a existência do fato nação ou a
construção histórica desta.
Ficam, neste modelo de
análise, obscurecidas as causas da miséria, da injustiça social atribuídas, de
forma geral, às questões relacionadas a raça ou naturalizadas como simples
etapa a ser superada mediante a submissão plena de um povo à natureza da
economia ficando ao Estado a recomendação de promover ou estimular a caridade.
Amenizar ou superar as
questões relacionadas a educação, saúde, moradia, emprego através da caridade sabemos
todos não é possível considerando o simples fato da necessidade constante de
acumulação decorrente das atividades de qualquer segmento empresarial.
A quebra da dita ordem natural
surge exatamente neste ponto considerando de um lado o caráter de acumulação e
do outro as necessidades básicas de quem trabalha e neste momento o conflito
ganha a sua forma.
No Brasil de nossos dias
o modelo bolsonarista de governo vai revelando com clareza absoluta o discurso
da manutenção da ordem como justificativa plena da submissão ao imperialismo
estadunidense e para este fim assume a defesa de um modelo autoritário amparado
no fortalecimento do poder executivo federal, controle ideológico da educação, extinção
dos direitos sociais.
Para ilustrar este
aspecto utilizo o trecho de artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo de
3 de agosto de 2018 assinado pelo futuro ministro da educação Ricardo Vélez
Rodríguez: “Soberania popular sem limites é a fonte da deturpação do sentido do
nosso republicanismo”.
Na frase em questão o
futuro ministro da educação condena as ações intervencionistas do Estado brasileiro
durante o período Vargas e Lula associando estas a quebra dos princípios de
submissão presentes no liberalismo clássico e por consequência o isolamento do
Brasil dos países avançados economicamente.
Com nitidez espantosa Rodríguez
assume a posição do patriota contra a nação, antinacionalista e opositor dos
trabalhadores ao defender a subordinação do povo aos interesses econômicos
externos entendendo, no mesmo texto, que: “A soberania [do povo] é limitada e se restringe
à gestão do Estado no sentido de preservar os direitos inalienáveis dos
cidadãos, que continuam gozando dos seus direitos à vida, à liberdade e às
posses.”
Eis a ordem! Neste quadro
de limitações ficam intocáveis a propriedade privada – excluída de sua função
social – e desta qualquer política de redistribuição ou mesmo os direitos
sociais cuja base encontra-se na existência de um modelo econômico limitador ou
regulamentador do lucro seja através da tributação, política salarial ou
regulamentação das relações de trabalho.
A negativa da soberania
popular, defendida pelo futuro ministro da educação, reflete o projeto de
criminalização dos movimentos sociais ou transformação destes em organizações
terroristas conforme recentes declarações do futuro ministro da justiça.
Na educação reside na
campanha de perseguição aos professores através do conteúdo da chamada Escola
sem Partido totalmente voltado ao atendimento do projeto econômico em curso adequando
a escola ao processo de negação da história em sua condição cientifica,
portanto, legitimador da ordem autoritária.
O discurso patrioteiro da
ordem adotado pelo futuro governo apenas serve aos interesses dos setores,
nacionais e estrangeiros, que sempre lucraram com a exploração de nosso povo.
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