*BRIZOLA
E O GOLPE MILITAR DE 1964
*
A CARTA TESTAMENTO E A MOBILIZAÇÃO NACIONALISTA
*
BOLSONARO E SEUS FILHOTES DA DITADURA
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OS GENERAIS ENTREGUISTAS E CARREIRISTAS PRONTOS PARA DEFENDER O IMPERIALISMO
Por
Wladmir Coelho
1 – O golpe militar de
1964 foi financiado, planejado e executado a partir das determinações da Casa
Branca, inicialmente ocupada pelo bilionário John Kennedy, assassinado antes da
conclusão do projeto concluído pelo vice Lyndon B. Johnson ambos do Partido
Democrata.
2 – O sucessor de mr.
Johnson, mr. Richard Nixon, pertencia ao Partido Republicano e continuou
apoiando a ditadura militar considerando, inclusive, o ditador General Emílio
Garrastazu Médici o único “em condições de combater o comunismo soviético na
América Latina” uma ladainha ainda repetida graças ao predomínio do
irracionalismo base ideológica do discurso bolsonarista.
3 – O destaque que
ofereço quanto a origem partidária dos presidentes dos Estados Unidos tem por
objetivo chamar a atenção do interesse de Estado nos processos de intervenção –
incluindo o golpe militar de 1964 – nos países da América Latina todos
efetivados a partir da derrubada de governos nacionalistas entendidos estes
como ameaça ao processo de controle econômico da região.
4 – Para analisar a
intervenção do imperialismo estadunidense no Brasil a partir de 1964 necessitamos
de um curto recuo no tempo e vamos até 1954, ano do suicídio do presidente
Getúlio Vargas, reconhecendo este, através de sua Carta Testamento, a
necessidade de rompimento com as forças imperialistas: “Sigo o destino que me é
imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de
libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei
ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais
aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do
trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a
justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar
liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás
e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi
obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.”
5 – Em sua Carta
Testamento Vargas, um conciliador com a burguesia, no momento de sua morte registrou
a inutilidade de tal prática política considerando
a condição da burguesia nacional de submissão aos interesses imperialistas
apontando, o documento, a necessidade de uma radicalização inclusive da classe
trabalhadora como podemos observar ainda na Carta Testamento: “mas esse povo de
quem fui escravo não mais será escravo de ninguém.”
6 – O presidente Getúlio
Vargas não escreveu, nos moldes academicamente aceitos, um manifesto a favor do
socialismo e muito menos pregou diretamente a revolução deixando, todavia, um
documento propondo o rompimento com o modelo econômico amparado na dominação imperialista,
base da estrutura de poder nos Estados Unidos, assumindo os seus seguidores uma
missão de base claramente revolucionária.
7 – Os sucessores na
liderança do getulismo João Goulart e Leonel Brizola representam, com
características distintas, a continuidade do processo de rompimento
representando o segundo, em diferentes momentos, a radicalização através da
mobilização popular e ações diretas contra os interesses econômicos
estadunidenses no Brasil incluindo a nacionalização das multinacionais de
eletricidade e telefonia quando governador do Rio Grande do Sul no final dos
anos 50.
8 – A presidência de João
Goulart, inclusive, somente foi possível graças a vitória de Leonel Brizola
contra os militares golpistas em 1961 interessados em implantar naquele ano uma
ditadura sempre com a velha desculpa da ameaça comunista entendida esta como
qualquer ação de rompimento com o atraso econômico decorrente da dependência
econômica.
9 – Leonel Brizola
organizou uma corrente política nacionalista com forte presença popular
incluindo a participação de setores militares, notadamente os sargentos do
Exército, revelando a condição de classe de sua liderança ele mesmo um homem
nascido filho de camponeses, estudante do que seria hoje a EJA, jardineiro da
prefeitura de Porto Alegre graduando-se, posteriormente, em Engenharia Civil.
10 – O ódio das elites
contra o povo – e Brizola foi durante toda sua trajetória o alvo predileto dos
oligarcas colonizados – fundamenta-se exatamente na insegurança dos ricos
diante de qualquer ameaça aos privilégios decorrentes da submissão ao
imperialismo representando a crescente mobilização nacionalista, do final dos
anos 50 e início dos 60, uma ameaça a continuidade do processo imperial
recorrendo os seus beneficiários ao apelo direto à matriz envolvendo este desde
a corrupção de generais, a compra de políticos carreiristas sempre apoiado pela
cobertura alarmista dos grandes veículos de comunicação.
11 – O patriotismo ritualístico,
o mesmo do bolsonarismo e seus generais carreiristas, a defesa da família e das
tradições foram usados de forma hipócrita apresentando os golpistas fardados e
civis planos para uma guerra civil através da Operação Brother Sam preparada pelo
Departamento de Estado envolvendo desde a declaração de Minas Gerais, governada
pelo banqueiro Magalhães Pinto, como nação beligerante anexando este o Estado
do Espirito Santo para possibilitar o recebimento de armas, munição,
combustíveis fornecidos diretamente pelos Estados Unidos com a intensão de
dividir o território brasileiro através de uma guerra civil. Assim agiam os generais
patriotas!
12 – Somente um completo
alienado associa o golpe militar de 1964, um movimento das elites colonizadas desenvolvido
a partir de Washington, ao patriotismo e defesa dos interesses nacionais caricatura
efetivada graças a substituição da análise histórica de base cientifica pelo
amontoado de irracionalidades e alucinações terraplanistas.
13 – O alienado, o tolo,
não percebe o absurdo da transformação de um regime que perseguiu, torturou,
matou em nome dos interesses imperialistas em salvação nacional e aqui recordo
Leonel Brizola e sua incansável luta contra as “perdas internacionais” processo
aprofundado durante a ditadura militar e atualmente ampliado através do processo
de saque dos recursos nacionais e aprofundamento da exploração dos trabalhadores.
14 – Os generais carreiristas
confortavelmente instalados no governo continuam guardando zelosamente os
interesses do imperialismo e ao menor sinal de ameaça à ordem iniciam a
conversa do perigo comunista sempre apoiados pelos mesmos donos dos meios de
comunicação estes no papel de criar o pânico e desmobilizar.
15 – O golpe de 1964 foi
a forma violenta de eliminar fisicamente os defensores da soberania, a independência
do povo brasileiro a estes sim devemos prestar nossas homenagens através da
continuidade da luta em favor da superação do nosso atraso.
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