Escuta Educativa - Programa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

domingo, 1 de julho de 2012

EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA Os perigos da entrega do ensino superior aos grupos econômicos



EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA
Os perigos da entrega do ensino superior aos grupos econômicos

Wladmir Coelho


O principio da livre iniciativa encontra-se presente e garantido pela Constituição brasileira e desta forma poder-se-ia  entender que a educação, reduzindo a carta ao citado principio econômico, poderia ser facilmente entendida como uma simples mercadoria.

Esta, naturalmente, constitui a leitura fundamentalista da Constituição traduzida, de forma simplista, em vitória máxima da chamada LEI DE MERCADO. Todavia a mesma Constituição apresenta como seus fundamentos a cidadania e a soberania tendo ainda em seu capítulo econômico a determinação da obrigatoriedade do PLANEJAMENTO ECONÔMICO e “busca” do pleno emprego.

No fato soberania torna-se evidente a necessidade de criação dos instrumentos necessários para a defesa e segurança nacional e neste ponto poderíamos entender de forma objetiva  a importância do controle das tecnologias referentes ao funcionamento da economia incluindo o controle da produção e estoques de alimentos, matéria prima, comunicação dentre outros.

E quando aprofundamos e chegamos ao planejamento econômico longe de reduzir a universidade a condição de fábrica de tecnocratas deparamo-nos com a urgência de formação de pessoas em condição de entender uma determinada realidade dominando as fórmulas necessárias para sua transformação.

É preciso, para a superação de nossas injustiças sociais, não somente repetidores de Códigos, fórmulas ou profissionais capacitados para tornarem-se cirurgiões das estrelas de cinema. 

Necessitamos entender que soberania somente pode ser construída com a superação do nosso estágio colonial. Vejamos o outro ponto presente em nossa Constituição e fundamental para o desenvolvimento nacional: A busca do Pleno Emprego. Primeiro entender que pleno emprego, ao contrário do que é apresentado de forma vulgar, não resume-se no dado estatístico que entende como tal o simples registro quantitativo de carteiras de trabalho independente da formação do trabalhador.

Pleno emprego é direcionar as atividades para as quais foi formado o  estudante. Observaremos neste ponto que a Constituição determine como fundamento a livre iniciativa esta não pode ser aplicada seguindo somente as citadas necessidades do chamado mercado, ou seja, existem limites.

Ao entregarmos a educação nas mãos de grupos privados, a maioria controlados por investidores estrangeiros, estamos abrindo mão do principio da soberania nacional, estamos abdicando a criação de uma política econômica que permita a transformação social do Brasil.

Este aspecto torna-se  fácil de constatar quando retomamos o fato PLANEJAMENTO ECONÔMICO e PLENO EMPREGO. Estas duas determinações constitucionais somente tornam-se possíveis considerando-se a intervenção no chamado mercado criando assim os meios para a limitação aos interesses e vontades dos controladores do capital.

Como conseguir o pleno emprego sem um planejamento econômico que venha a incluir a necessidade de criação de cursos e a forma de atuação somados a garantia de atuação profissional destes futuros profissionais considerando-se somente o fato LUCRO?

Naturalmente encontraremos um forte distanciamento entre a necessidade de remunerar os acionistas dos grupos controladores de universidades caracterizados pela criação de cursos da “moda” vendidos a partir de uma “necessidades do mercado”, criando nos estudantes ilusões a respeito do mundo do trabalho, das necessidades do conjunto da população.

A educação mercadoria somente contribui para a manutenção do modelo colonial necessário a sobrevivência dos “donos do poder” e assume um caráter pretensamente cientifico quando passa a diplomar profissionais que não entendem a relação política presente nas ações que passam a ter autoridade para desempenhar.

Vejamos o caso do minério ou do petróleo. Afinal do que nos adianta formar especialistas em extrair estes recursos ou tecnocratas que saibam listar os números de entrada e saída amparados por profissionais que simplesmente encarem a economia como ciência exata e reduzam o direito a sua simples regulação?

O modelo de exploração do petróleo nacional torna-se ainda mais preocupante quando observamos a sua redução a condição de “commodities” ignorando-se a sua utilização em beneficio do desenvolvimento nacional ou como forma de garantia da segurança.

Querem, os “donos do poder”, somente construir uma forma de exporta-lo e quando falam na formação de mentes para o setor reduzem tudo a formação de pessoas em condições de entender como extrair e manter a velha fórmula de destina-lo aos mercados internacionais.

Iludem-se aqueles que de posse dos dados estatísticos comemoram o aumento de bacharéis ou técnicos. Na verdade a jornada frenética ou oba-oba oficial resume-se em criar os meios de manutenção do velho modelo ignorando a necessidade do PLANEJAMENTO ECONÔMICO, PLENO EMPREGO como caminho para o desenvolvimento.   

Um comentário:

marcos sousa disse...

concordo com suas colocações e permitindo-me uma opinião, nosso pais ao meu ver nunca perdeu seu espirito de colônia, vive de copiar modelos que estão sendo sucesso em outros países sem aperceber-se das condições locais e criando politicas de remediação quando a necessidade iminente exige, praticamente na história do brasil republicano nunca houve uma politica educacional duradoura, livre as concepções partidárias particulares e que visualiza-se resultados a longo prazo, é tudo imediatista a exemplo da politica de cotas, que cria a ilusão de garantir o acesso a universidade de pessoas despreparadas, devido a péssima educação básica que tiveram, estas mesmas pessoas dificilmente concluem seus cursos ou o fazem de forma insatisfatoria

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