ESPIONAGEM
E CONTROLE DA
TECNOLOGIA
Wladmir
Coelho
1
– A ESPIONAGEM ESTADUNIDENSE
2
– O ORÇAMENTO SECRETO DAS AGÊNCIAS DE
ESPIONAGEM
3
– O PODER DE VIGILÂNCIA DO ECHELON
4
– A ESPIONAGEM DA PETROBRAS
5
– ESPIONAGEM E CONTROLE DA TECNOLOGIA 5G
6
–SUBSERVIÊNCIA DO GOVERNO BRASILEIRO AOS
EUA E ATRASO TECNOLÓGICO
Formada por 16 agências a
rede de espionagem oficial dos Estados Unidos, eufemisticamente tratada por
comunidade de inteligência, constitui um verdadeiro monstro largamente
utilizado nos processos de desestabilização e concretização de golpes de Estado
e como sabemos existe uma longa lista de governos nacionalistas em todo o
planeta vítimas deste tipo de intervenção.
A espionagem estadunidense,
estima-se, controla um orçamento de 80 bilhões de dólares com prestações de
contas consideradas secretas aspecto que impede uma real dimensão dos destinos
e mesmo a legalidade destes gastos em seu território ou países estrangeiros.
Com relação aos gastos
efetivos das agências em 2013 Edward Snowden apresentou documentos nos quais podemos
observar um aumento, nos 10 anos anteriores, de 56% dos recursos destinados a
CIA (Central Intelligence Agency) e 54% daqueles recebidos pela NSA (National
Security Agency).
As duas agências de
espionagem atuam, a primeira, em ações de intervenção direta através de golpes
de Estado, assessoria e financiamento para criação de organizações disfarçadas em
institutos de pesquisas, de defesa da “democracia”, em apoio a educação enquanto
a segunda sistematiza dados de massa retirados das ligações telefônicas, e-mail,
Facebook e outros meios de comunicação.
Complementam-se, portanto,
estas duas agencias e apresentam-se necessariamente dependentes do conhecimento
da tecnologia imprescindível a efetivação da comunicação e consequente acesso
aos arquivos e aparelhos portadores destes programas.
A concretização da
espionagem estadunidense através da comunicação telefônica ou dos diferentes
usos da internet encontra no projeto ECHELON dividido este entre os Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia cujo alcance, segundo diferentes
projeções, possibilita espionar 90% das comunicações mundiais acessando os
arquivos de interesse através de palavras-chave.
Neste ponto devemos
chamar a atenção a consubstanciação dos interesses do setor industrial privado com
aqueles estatais gerando um conceito de segurança nacional no qual implica-se a
defesa dos primeiros como parte integrante das condições de defesa do segundo.
Para ilustrar vamos ao
caso envolvendo a empresa Airbus, com sede na França, com a McDonnell Douglas (atualmente
pertencente a Boeing) sediada nos Estados Unidos relativo a venda de aviões à
Arábia Saudita em 1994 envolvendo um contrato de 6 bilhões de dólares.
A empresa europeia,
segundo o jornal Financial Times, foi denunciada pela NSA, com utilização das
informações da ECHELON, por corromper membros do governo saudita obrigando a
empresa a retirar-se do negócio abrindo as portas a vencedora estadunidense.
Este fato nos leva a
outro aspecto importante revelando o envolvimento entre empresas estadunidenses
do setor petrolífero, o financiamento das campanhas eleitorais naquele país, utilização
da espionagem oficial em benefício das empresas privadas e destas o
recrutamento de dirigentes para ocupar cargos de grande importância na
administração pública do governo dos Estados Unidos.
O caso da Halliburton vai
aparecer com destaque principalmente no processo que conduziu George Bush pai à
presidência dos Estados Unidos escolhendo este, para o cargo de Secretário da
Defesa, Dick Cheney, antigo presidente da empresa em questão.
Ao chefe da defesa
estadunidense submete-se outro conjunto de agências de espionagem administradas
a partir das Forças Armadas e imaginem a Halliburton, que atua no setor de
engenharia para exploração de petróleo, com informações privilegiadas e pronta para
atuar, por exemplo, na reconstrução do Iraque após a primeira invasão
estadunidense daquele país.
Este fato não apresenta-se
no campo de uma fantasia a Halliburton realmente estabeleceu inúmeros contratos
de logística com as Forças Armadas dos Estados Unidos durante a primeira
invasão do Iraque e posteriormente atuou na chamada reconstrução do país.
Cheney confirmou seu
prestigio junto a oligarquia Bush ao ser indicado vice-presidente agora de George
Bush filho cuja relação com o Iraque superou a violência paterna e através da
manipulação de dados das agências de espionagem criou a farsa das chamadas
armas de destruição em massa sustentando, desta forma, nova invasão daquele
país.
Esta mesma Halliburton,
devemos recordar, foi contratada, em 2008, para o transporte e guarda de
laptops pertencentes a Petrobras contendo informações sigilosas a respeito do
campo de Júpiter na camada do pré-sal. Como sabemos os computadores colocados
em contêineres pela empresa estadunidense e desapareceram misteriosamente
levando junto as informações de grande valor comercial e vital a segurança
energética do Brasil.
O fato espionagem também
pode ajudar a entender a chamada guerra comercial
entre os Estados Unidos e a China considerando a presença do fato controle
tecnológico encontrando associado a este a disputa pela quinta geração do
sistema sem fio da internet móvel ou simplesmente 5G.
O acesso da NSA a, pelo
menos, 90% das comunicações mundiais implica no apoio direto das empresas do
setor aos planos de espionagem. O site Intercept, em 2018, informou a existência
de oito instalações da AT&T utilizadas pela NSA para espionagem nas
comunicações.
AT&T atua como provedor
de internet de alta velocidade a empresas privadas e governos possuindo
especial interesse na implantação da chamada tecnologia 5G e espera dominar o
mercado de vídeos superando a Netflix. Com acesso a pelo menos 300 milhões de clientes,
e seus aparelhos de TV inteligentes, celulares, computadores a AT&T representa
sim um importante aliado as ações de espionagem do governo estadunidense.
Para garantir a
continuidade e ampliação de sua rede de espionagem mundial necessitam os
Estados Unidos da continuidade do controle da tecnologia e por consequência da
colaboração das empresas detentoras destas patentes.
A presença da China neste
mercado cria dificuldades técnicas e financeiras aos interesses dos Estados Unidos
aspecto presente nas recentes restrições impostas à Huawei uma empresa chinesa
que desenvolve tecnologia 5G.
O Brasil vai acompanhando
esta disputa, lamentavelmente, de forma subserviente aos Estados Unidos
considerando a falta de interesse do atual governo em promover o fomento à
pesquisa optando este suspender diferentes programas de incentivo fato
repetido, por exemplo, em Minas Gerais através das limitações orçamentarias
impostas a FAPEMIG.
Os recentes ataques ao
sistema elétrico da Venezuela apresentam-se como sinal de alerta, inclusive
para o Brasil, em relação aos métodos empregados pela espionagem estadunidense possuindo
estas em seus quadros hackers especializados em penetrar programas de gestão empresariais.
Imaginem o quanto estão
expostos os programas de controle de hidrelétricas, oleodutos, radares sem
falar no sistema bancário nacional quando o tema é utilização de tecnologia de
um país somente.
Para entender ainda o
papel do Brasil diante desta disputa que envolve espionagem, pesquisa e desenvolvimento
tecnológico devemos observar a postura do Sr. Bolsonaro de simples submissão
aos interesses dos Estados Unidos.
A este respeito o jornal
Valor Econômico do dia 18 de março informou que o tema 5G pode entrar na pauta
da conversa entre os Srs. Bolsonaro e Trump temendo “um dos brasileiros que faz
parte da comitiva que, diante de um eventual pedido de Trump, Bolsonaro se
sinta inseguro sobre o assunto e também se comprometa a vetar sistemas chineses
no Brasil”.
O termo “pedido”, neste
caso, revela de forma evidente um eufemismo ficando os interesses econômicos brasileiros
mais uma vez expostos a loucura ideológica de um grupo que acredita chefiar uma
revolução conforme pronunciamento, na matriz, do Sr. Paulo Guedes ao saudar um
conhecido astrólogo, cuja influência chega ao ponto de nomear ministros no Brasil,
tratando este como “chefe da revolução liberal”.
Vamos ver quantas
bananas, este é o único produto digno de proteção oficial no atual governo, o
representante do Brasil vai conseguir vender na metrópole em troca de nosso
atraso tecnológico e prejuízos comerciais internacionais.
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