Escuta Educativa - Programa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A eficiência




A EFICIÊNCIA DAS EMPRESAS DE MINERAÇÃO

Wladmir Coelho

A disputa por áreas com potencial mineral não constitui novidade histórica e todos conhecemos inúmeras guerras originadas, de forma oculta, na disputa pelo domínio do petróleo, ouro, ferro dentre outros minerais.

Observa-se ainda o controle de áreas de mineração efetivado com base em acordos comerciais favorecendo conglomerados cujo único compromisso é retirar a matéria prima de um determinado território sem preocupação com o desenvolvimento local ou conseqüências ambientais.

Este modelo de exploração predatória aplica-se, via de regra, em países de economia com base colonial ocorrendo este fato independente de sua alegada soberania política. Os governantes destes países, na prática, renunciam a elaboração de políticas econômicas nacionais e entregam-se as determinações ou interesses políticos das empresas.

O maior ganho possível dos conglomerados torna-se a base das políticas econômicas. O fato lucro transforma-se, deste modo, em objetivo oficial orientando a verdadeira ação do Estado.
Neste caso podemos observar, como exemplo, a questão do trabalho aspecto regulamentado (jornada, salário mínimo, aposentadoria) em praticamente todo o planeta. Vejamos um caso:
A Eritreia, na ponta oriental da África, a legislação determinou a incorporação obrigatória e não remunerada ao Exército como forma de garantir a reconstrução do país e formação profissional da juventude.

Neste país africano a mineradora canadense Nevsun Ressources acrescentou, desde 2011, em suas receitas aproximadamente US$ 1,6 bilhões. Segundo a Anistia Internacional e Human Rights Watch as atividades da lucrativa empresa canadense apresenta como característica a utilização da mão de obra escrava.
A seleção destes trabalhadores ocorre na forma de recrutamento obrigatório para o Exército legalizando, além do trabalho forçado, as penas de prisão e castigos corporais.

No Congo mineradoras utilizam-se de práticas como o endividamento (hospedagem, alimentação, equipamento de trabalho) para manter cativo os trabalhadores que encontram-se submetidos a vigilância armada.

As industrias de telefones celulares e computadores encontram-se entre as principais beneficiadas desta forma de exploração do trabalho que inclui crianças e mulheres retiradas a força de suas casas.

Outra conseqüência da submissão das instituições aos interesses dos oligopólios da mineração encontra-se no desprezo ao meio ambiente. As mineradoras e petrolíferas apresentam-se, na publicidade, como defensoras do meio ambiente distribuindo quantidades imensas de papeis coloridos com fotos de flores e desenvolvendo projetos, amparados na renuncia fiscal, nas escolas quando crianças são incentivadas a colorir desenhos de árvores recortando em seguida garrafas pets entendida esta atividade como reciclagem. Tiram-se muitas fotos, imprimem-se muitas revistas.

Enquanto isso somente o mineroduto Minas-Rio consome, por hora, dois e meio milhões de litros de água para exportar minério. Nos meios de comunicação as mesmas empresas que cometem este crime determinam ao povo um banho rápido sem cantoria. Transferem a culpa.

Neste caso é notório a transformação de um bem comum – a água – em simples elemento para a produção colocando o interesse particular de uma empresa acima das necessidades gerais.

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