ELEIÇÕES
GREGAS: O RADICAL SYRIZA
Wladmir
Coelho
Segundo as pesquisas as
eleições de hoje na Grécia devem levar ao poder o Syriza. A imprensa, de um
modo geral, apresenta esta agremiação como “radical de esquerda” gerando a
impressão que na segunda feira a Grécia estará fora da União Europeia iniciando
as primeiras medidas para o socialismo.
Não é bem assim. O
termo radical em nossos dias refere-se a todo aquele pensador, partido, grupo
social e outros que discorde das políticas econômicas neoliberais. Observe: O
modelo capitalista é mantido, solicita-se aos detentores do poder econômico uma
pausa para respirar, amenizar o sofrimento dos trabalhadores e recebe-se o
rótulo de radical.
Na realidade os
eleitores gregos devem optar hoje pela implantação tardia em seu país do chamado
Estado de Bem Estar Social acreditando nas medidas pontuais previstas no
programa do Syriza.
Estas medidas,
considerando o garrote neoliberal imposto aos trabalhadores gregos,
apresentam-se ousadas e buscam a retomada do crescimento econômico.
Basicamente
o radical Syriza compromete-se ao pagamento da divida mediante uma redução do
valor nominal seguido da moratória dos juros.
Ao contrário das
insinuações de parte da imprensa não existe em marcha a instituição de uma
economia planificada com estatização dos bancos (esta proposta encontrava-se na
fundação do partido, mas foi retirada da elaboração do programa de governo) e empresas
estrangeiras. O Syriza pretende aumentar a presença do Estado como elemento de
favorecimento do crescimento econômico e para este fim anuncia a retirada da
obrigatoriedade da manutenção do famigerado superávit primário incluindo nas
negociações da dívida o direito ao crescimento.
Estas medidas, como
percebemos, dependem de futuras negociações e para iniciar esta etapa torna-se
necessário ceder aqui e ali.
Deste modo o Syriza
acena para o capital mantendo a política de baixos salários afirmando com
clareza em seu programa assumir um compromisso com o aumento GRADUAL dos
salários e pensões. Com certeza os trabalhadores entendem que o ganho salarial
existirá, mas o programa assim prevê?
Na prática os baixos
salários ficariam mantidos a melhora, de forma inquestionável, encontra-se na
promessa de redução do desemprego aumentando o consumo através do crédito. Isto
é crescimento econômico.
Sem duvidas o Syriza
apresenta uma significativa diferença em relação ao modelo neoliberal. Todavia
o seu programa de governo anuncia, na prática, a criação de políticas
compensatórias apresentando como carro chefe a recuperação do salário, de forma
gradual, aos índices anteriores a crise.
A Grécia dos últimos
anos foi submetida ao arrocho das tais políticas de austeridade e o resultado
foi o aumento da pobreza. Para tornar-se parte da União Europeia “modernizou” a
sua economia privatizando, desregulamentando as relações de trabalho e abrindo
a sua economia aos grupos financeiros que sem regras promoveram uma farra.
O Syriza para implantar
o seu novo programa, naturalmente, vai iniciar um processo de negociações e
como é a norma deve abrir mão de um ponto ou outro. Observem: O novo programa
trata de forma branda a questão dos direitos trabalhistas. Seria esta a chave?
Vamos aguardar os acontecimentos.
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