Royalties do
petróleo, a luta por migalhas
Wladmir Coelho
Controlar o
bem econômico petróleo e utilizar o poder econômico decorrente de sua
exploração em beneficio de uma política de desenvolvimento. Este objetivo
estava na base da campanha que resultou na criação da Petrobras.
Para cumprir
esta meta tornava-se necessário superar a crença liberal de inexistência de um
sistema econômico nacional apontando, inclusive, os aspectos históricos que
impediam o rompimento do Brasil com os fundamentos do liberalismo econômico.
Superar a
tradição colonial constituía, desta forma, a principal ação dos grupos que
atuavam em defesa da criação da Petrobras. Compreendiam estes pioneiros a
condição oligopolizada do setor e percebiam que a mínima abertura aos
oligopólios resultaria em ameaça ao controle do bem econômico petróleo.
Para este fim
ficou estabelecido o monopólio estatal a ser exercido por uma empresa de
capital nacional controlada pelo governo. Nascia a Petrobras.
A importância
deste monopólio, ontem e hoje, reside na garantia que oferece à implementação
de uma política econômica do petróleo voltada para o desenvolvimento nacional
garantindo os meios necessários para o abastecimento interno, o fornecimento de
matéria prima, criação de uma indústria petroquímica e exportação do excedente.
Observe; Utilizar o bem econômico petróleo para o interesse brasileiro
significava – e significa – tornar-se controlador de todo o processo de
exploração.
Ao entregar
parte ou a totalidade deste processo aos oligopólios petrolíferos extingui-se o
modelo que originou a Petrobras. As decisões de política econômica passam a
buscar o maior lucro para os grupos internacionais matando o principio de
rompimento com a forma colonial fundamentada na exportação de recursos
minerais.
A
legislação criada após a descoberta do pré-sal – lamentavelmente – significou o
retorno da política econômica do petróleo brasileiro às mesmas bases do período
anterior a criação da Petrobrás.
O
atual modelo garante ao Brasil apenas o controle do bem natural petróleo
abrindo aos oligopólios a exploração e conseqüente controle do bem econômico. A
Petrobras foi totalmente descaracterizada servindo, na fórmula atual, de
elemento financiador dos mesmos grupos que durante anos dificultaram a sua
consolidação.
A discussão a respeito dos royalties – parcela
ínfima do verdadeiro valor a ser arrecadado com a entrega do petróleo nacional
– apenas serve de biombo para ocultar o apoderamento do bem econômico petróleo
pelos grupos de sempre.
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