A
POLÍTICA ENERGÉTICA EUROPEIA E SEUS
INTERESSES NA SIRIA
Wladmir
Coelho
O Estado, como sabemos,
atua diretamente no processo econômico viabilizando recursos financeiros e
militares para a concretização, inclusive, dos projetos de abastecimento
energético. A política econômica das potências não conhece fronteiras e caso
necessário criam guerras e derrubam governos.
Um exemplo: Durante a
década de 1990 a empresa estadunidense Noble Energy anunciou a descoberta de
grande quantidade de gás a 5170 metros de profundidade no Mar Mediterrâneo.
O campo ficou conhecido
como Leviatã e estima-se a existência de 450 bilhões de metros cúbicos de gás e
600 milhões de barris de petróleo. Recentemente a empresa Turcas Petrol –
subsidiária da estatal SOCAR do Azerbaijão – apresentou-se disposta a gastar
US$ 2,5 bilhões para a construção de um gasoduto para escoar a produção de gás
de Leviatã até a Turquia e deste aos países da União Europeia.
Uma empresa do Azerbaijão
interessada em construir os meios para exportar o gás do Mediterrâneo para a Europa?
Exatamente.
Aos crentes da
separação entre interesses de Estado e empresas privadas vamos aos detalhes: A
citada Turcas Petrol possui como principal executivo o estadunidense Mattew Bryza
ex-embaixador no Azerbaijão. Este país – segundo o site do U.S. Energy
Information Administration – é um importante fornecedor de gás para a Europa.
O Azerbaijão integra a
área de interesse de abastecimento petrolífero dos russos, chineses, estadunidenses
e potências europeias. A disputa pelo controle deste combustível movimenta,
inclusive, o polêmico projeto para a criação do gasoduto Nabuco que contornando
a Rússia levaria o gás da região diretamente à Europa terminando de vez com a
dependência da região do gás russo.
O executivo Bryza
também é membro do Conselho da Fundação Jamestown cuja missão – segundo informações
retiradas de seu site – consiste em apoiar lideranças políticas nas nações que
representam importância para a segurança nacional dos EUA orientando ações
locais para a concretização dos interesses deste país.
Vejam o quanto é precária
a ideia de espionagem associada exclusivamente aos microfones escondidos nos
gabinetes. A Fundação Jamestown financia ações diretas na imprensa destes
países e financia acadêmicos, dirigentes de empresas públicas ou privadas além
de políticos com discursos pró-EUA.
A efetivação do projeto
do gasoduto Leviatã apresenta, entretanto, um problema: Quem controla a
produção? Chipre, Líbano, Israel, Palestina e Síria compõem a área com potencial
produtivo.
No caso sírio a Rússia
apresenta vantagem e assinou recentemente o contrato para iniciar as pesquisas,
Israel ofereceu à Noble Energy a condição de operadora do seu pré-sal.
Desta disputa
observamos a inexistência de uma separação entre os interesses das empresas
privadas e Estados. A elaboração da política energética da União Europeia e
Estados Unidos encontram-se, desta forma, como fator principal da elaboração da
política econômica do petróleo da Síria, Líbano, Israel, Palestina....
No caso brasileiro
estes mesmos princípios foram ignorados no momento da entrega do pré-sal e continua
na imprensa, no governo e oposição a prevalência do discurso, ao modo da Fundação
Jamestown, da necessidade de entrega do petróleo nacional como forma de
garantir um dia o progresso econômico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário