SEGURANÇA
ENERGÉTICA DOS ESTADOS UNIDOS
Segunda
Parte
O
processo de privatização da Petrobras para atender aos interesses dos
oligopólios internacionais acelera-se enquanto o debate fica restrito a
manutenção do modelo exportador com ou sem a presença da empresa.
Wladmir
Coelho
Os defensores da
entrega total do petróleo brasileiro aos oligopólios internacionais adotam, de
forma contraditória, o discurso da livre iniciativa e deste a “salvação” da
Petrobras.
Neste discurso afirmam
os entreguistas que menos Petrobras significa mais petróleo para o Brasil ou,
no mínimo, uma recuperação financeira da empresa possibilitando no futuro o seu
retorno em condições de disputar espaço no mercado.
Para aprofundar a
confusão existem aqueles defensores da manutenção da Petrobras em sua condição atual,
ou seja, uma empresa voltada para a disputa de mercado cuja maior preocupação
encontra-se na valorização de suas ações controladas, em grande parte, pelos oligopólios.
Os dois grupos
apresentam como ponto de partida a crença na livre concorrência ignorando os
aspectos políticos existentes na campanha de destruição da empresa criada para
romper com o modelo que submete o Brasil aos interesses dos oligopólios.
Os vendedores de ilusão
ocultam os movimentos dos Estados Unidos em direção ao controle pleno das
reservas petrolíferas existentes na América Latina escudados pelo principio da
segurança energética.
Para a defesa dos
interesses da segurança energética dos Estados Unidos as empresas locais contam
com o apoio da estrutura estatal utilizando sem cerimônias a diplomacia, o apoio financeiro e militar.
Vejamos o caso da OPIC –
Oversesas Private Investment Corporation – uma agencia governamental que financia as empresas privadas estadunidenses
“mobilizando capital privado dos Estados Unidos para investimentos auxiliando
empresas em mercados emergentes
considerando os princípios da política externa dos Estados Unidos e sua
Segurança Nacional” (www.opic.gov)
Estes
principios incluem de forma cristalina o petróleo existente na América Latina e
ao analisarmos os estudos da The United States Association form Energy
Economics (USAEE) este aspecto ganha clareza: “A única região que poderia
aumentar de forma significativa a produção de petróleo para atender as
expectativas do mercado dos EUA é a América Latina que possui a segunda maior
reserva provada de petróleo do mundo estimada em 328 bilhões de barris ou 20% do
total das reservas mundiais.”
A
mínima resistência dos países latino-americanos em defesa de seus recursos
petrolíferos significa deste modo uma ameaça a segurança energética dos Estados
Unidos e prosseguindo na leitura dos estudos da USAEE encontraremos a seguinte
afirmativa: “A segurança energética [dos EUA], na prática, é melhor entendida como um problema de gestão
de riscos cujo objetivo é reduzir a um nível aceitável as consequências de
perturbações a longo prazo.”
A
gestão de riscos, neste caso, corresponde a intervenção direta nos assuntos
internos dos países detentores de reservas petrolíferas e não foi sem motivos a
declaração da Venezuela, detentora de 91% das reservas provadas na América
Latina, como ameaça a segurança nacional dos Estados Unidos.
No
plano interno os entreguistas ocupam espaços nos países da América Latina e
assumem, sem pudor, o papel de agentes avançados dos interesses dos Estados
Unidos. O ex-ministro argentino Domingos Cavallo, por exemplo, defendeu que “as
ações do presidente Hugo Chaves criam uma sensação de insegurança nos EUA.”
A
formatação atual da política econômica do petróleo não atende aos interesses
dos brasileiros. A simples defesa da manutenção da Petrobras como operadora do
pré-sal revela-se insuficiente constituindo parte do processo de manutenção do
modelo econômico de base colonial.
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