* UMA GUERRA DE DISCURSOS
E GENTILEZAS
* OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA OU LÁ VEM O SEU CHINA NA PONTA DO PÉ
* A GUERRA AGORA É DIFERENTE
Por Wladmir Coelho
1 – O discurso oficial permanece
distante do mundo real interessando, geralmente, a narrativa da vitória como
forma de garantir a dose diária de alucinógenos aos eleitores do governante de
plantão bastando para este fim algumas postagens no WhatsApp ficando o resto
por conta dos algoritmos e suas bolhas de alienação.
2 – O assassinato do
general Soleimani, a histeria da 3ª Guerra Mundial, a vingança gentil com
lançamento de mais de 20 misseis que não provocam sequer uma baixa nas tropas
estadunidense e pouco ou nenhum dano material causam as bases militares
atingidas facilitam a dose diária de alucinação e reduzem os fatos a condição
de “livre” interpretação com ambos os envolvidos proclamando-se vitoriosos.
3 – Enquanto isso o mundo
continua girando e pouco ou nada foi debatido a respeito dos interesses
econômicos envolvidos preferindo o sistema hegemônico de comunicação
classificar este ou aquele como terrorista ou pedófilo e assassino de crianças
de 7 anos sem a necessária comprovação e os alienados passivamente reproduzindo
a farsa.
4 – O CAPITAL
ESTADUNIDENSE GANHOU MUITO - O sr. Donald Trump, sem dúvidas, apresentou como
resultado de sua iniciativa em desrespeitar a soberania iraquiana um aumento
fantástico (considerando a alta do petróleo e das ações da petrolíferas) nos
lucros dos fundos de investimentos sem falar dos ganhos oferecidos aos oligopólios
petrolíferos facilitando, internamente, a arrecadação de fundos para sua
campanha eleitoral.
5 – Novamente acudiu, o
sr. Trump, os produtores estadunidenses de petróleo de xisto responsáveis pela autossuficiência
energética dos Estados Unidos uma ilusão propagandística quando verificada a
real penúria das empresas do setor com custos e danos ao meio ambiente elevados.
6 – Neste ponto temos o
necessário debate a respeito do controle das áreas produtoras de petróleo não
somente relacionado ao abastecimento estadunidense, mas como instrumento de
limitação aos planos chineses de expansão de seu poder industrial e consequente
influência comercial.
7 – Com relação ao
controle da produção petrolífera o Irã e o Iraque possuem, respectivamente, a
3ª e a 4ª maiores reservas petrolíferas do mundo – a maior reserva provada pertence
a Venezuela – encontrando-se a China como principal comprador dos persas adquirindo
até 70% da produção iraniana atuando, os chineses, também ao sul do Iraque
explorando o petróleo da região.
8 – O Iraque possui com os
chineses uma aproximação comercial que movimenta, anualmente, US$ 30 bilhões
resultado da condição de principal fornecedor de petróleo à China existindo
ainda o aprofundamento destas relações em função dos acordos de reconstrução e
infraestrutura decorrentes da Nova Rota da Seda.
9 – TRUMP QUER SAIR DO
IRAQUE? O sr. Trump afirma e a imprensa
domesticada pelo imperialismo repete: para sairmos do Iraque temos como condição
o recebimento dos bilhões de dólares gastos na base aérea, contudo a realidade
revela outros motivos como podemos ver a seguir.
10 – LIG LIG LIG LÉ - Em
setembro de 2019 o governo iraquiano assinou com a china um acordo ampliando os
investimentos daquele país no setor de infraestrutura sempre financiados
através da venda de petróleo ampliados, em função do acordo, em 100 mil barris
ao dia a partir de outubro.
11 – Estes investimentos
somam-se aos verificados no Irã e envolvem financiamento de indústrias petroquímicas
e obras de infraestrutura como ferrovias, rodovias, oleodutos, comunicação resultantes
do conjunto de obras de concretização da Nova Rota da Seda ligando Urumqi (a capital da província de Xinjiang,
oeste da China) a Teerã, e conectando o Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e
Turquemenistão ao longo do caminho e depois via Turquia para a Europa.
12 – A VINGANÇA GENTIL – Os
Estados Unidos possuem uma estrutura militar reconhecidamente poderosa, mas
controlar efetivamente um país exige a presença física de soldados e estrutura
de defesa gerando gastos elevados sem retorno imediato a não ser aqueles
destinados à indústria da guerra incluindo armamentos e mercenários.
13 – Aos iranianos não
interessa a destruição da infraestrutura ainda não refeita completamente da guerra
de 10 anos contra o Iraque sem falar nos problemas sociais internos aprofundados
em função do cerco dos Estados Unidos através das sanções comerciais.
14 – A GUERRA AGORA É
OUTRA – A tática do sr. Trump não segue a linha dos “falcões” do Pentágono e
prefere explorar exatamente o fator econômico através do cerco cruel e patrocino
dos movimentos contrários aos governos não submissos através das famosas
oposições “democráticas” sempre associadas a proposta de “modernização”
entendidas estas como privatizações e abertura sem limites do mercado nacional.
Exemplos temos não somente no Oriente Médio, mas espalhados em todo o planeta.
15 – Este método de intervenção
do imperialismo estadunidense não constitui propriamente uma novidade recebendo
do sr. Trump predileção a ponto deste não ter iniciado uma guerra do tipo
convencional ao contrário de todos os governantes de seu país desde o final da
2ª Guerra Mundial.
16 – A guerra convencional
acabou? a resposta evidente é NÃO,
contudo o poderio militar dos Estados Unidos encontrou uma barreira diante da
reestruturação militar da Rússia e da política de alianças comerciais da China
e seu modelo amparado no “socialismo de mercado” um tema complexo, mas seus
resultados revelam-se diariamente através da ampliação de seu poder econômico.
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